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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Menosprezo de Abel Ferreira torna classificação do São Paulo ainda maior

Jogadores do São Paulo abraçam Jandrei após classificação diante do Palmeiras na Copa do Brasil - Marcello Zambrana/AGIF
Jogadores do São Paulo abraçam Jandrei após classificação diante do Palmeiras na Copa do Brasil Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL Esporte

15/07/2022 08h43

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Abel Ferreira tem razão ao afirmar que o Palmeiras foi superior na volta das oitavas da Copa do Brasil no Allianz Parque.

Domínio, aliás, que passou muito pela estratégia do treinador, desmontando o São Paulo nos primeiros 15 minutos. Gabriel Verón pela direita, Raphael Veiga como "falso nove" e Dudu à esquerda pressionando o trio de zagueiros do rival. O polivalente Gustavo Scarpa como ala pela direita fechando o corredor de Welington e Piquerez pressionando Igor Vinicius do lado oposto.

O lateral uruguaio ainda estava na área para abrir o placar completando jogada pela direita iniciada por um eficiente perde-pressiona perto da área são-paulina. O time de Rogério Ceni ainda tentava se recompor do golpe quando Dudu arrancou e serviu Raphael Veiga para ampliar.

Dois gols e outras duas chances, com Murilo e Verón, em 12 minutos. Parecia a repetição do massacre da final paulista.

Mas desta vez Abel preferiu recuar as linhas e não seguir pressionando. Talvez pelo momento da temporada, de oscilação técnica e física, ao contrário do tanque cheio na decisão estadual. Veiga passou a deixar Miranda livre na saída de bola e marcar Gabriel Neves. A nova proposta era acionar Dudu pela esquerda contra Diego Costa ou Verón infiltrando entre Miranda e Léo.

Poderia ter dado certo, se Verón não tivesse desperdiçado duas grandes oportunidades e, principalmente, Raphael Veiga tivesse convertido seu pênalti no tempo normal. Na sequência, penalidade máxima muito discutível de Gustavo Gómez no até então sumido Calleri e convertido por Luciano, que melhorou a produção ofensiva do São Paulo ao entrar na vaga de Patrick, anulado por Marcos Rocha. O grande mérito do tricolor foi não se desmanchar mentalmente desta vez, após os gols sofridos no início.

O Palmeiras ainda atacaria mais vezes em busca do terceiro gol, da classificação, em um universo de 17 finalizações, 13 dentro da área e sete no alvo, mas o goleiro Jandrei apareceu bem e foi salvador na disputa por pênaltis. Defendeu as cobranças de Veiga, que perdeu o terceiro consecutivo, e Wesley. Só Luciano perdeu pelo São Paulo, que garantiu a vaga na cobrança precisa de Igor Gomes, motor do meio-campo visitante.

Na coletiva pós-jogo, Abel errou feio ao ser arrogante e não reconhecer os méritos do time de Ceni, o treinador que mais o venceu desde que chegou ao Brasil, em novembro de 2020. Aproveitar as falhas e vacilos do oponente também é virtude. Inclusive garantiu taças para o próprio treinador português no Palmeiras. Não pode ser menosprezado ou reduzido a "sorte". Ainda mais com tantos desfalques e no ambiente desfavorável de um Allianz Parque com mais de 41 mil pessoas, recorde de público no estádio.

Tudo que torna a classificação ainda maior e mais épica. E a Copa do Brasil deixa pelo caminho um dos grandes favoritos, além do atual campeão Atlético Mineiro. A surpresa abre possibilidades para todos, inclusive o São Paulo de Rogério Ceni.

(Estatísticas: SofaScore)