Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gols de Cano proporcionam a eficiência que faltava ao "Dinizismo"

Cano, do Fluminense, comemora gol contra o Corithians pelo Brasileirão - Thiago Ribeiro/AGIF
Cano, do Fluminense, comemora gol contra o Corithians pelo Brasileirão Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

26/07/2022 09h12

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Fluminense termina o turno do Brasileiro em uma surpreendente terceira colocação. Um ponto atrás do vice-líder Corinthians e a cinco do Palmeiras, absoluto na ponta da tabela.

Sob o comando de Fernando Diniz, tem dez vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Também é o líder em posse de bola, com média de 56%, e o quarto que mais acerta passes (91,25%), só atrás de Atlético Mineiro, Flamengo e Corinthians.

O treinador não mudou seu estilo, apenas adicionou alguns cuidados para converter em resultados o bom desempenho, como a saída de bola correndo menos riscos e abandonando a necessidade quase quixotesca de se instalar no campo de ataque mesmo em momentos de fragilidade ou de vantagem no placar, com o adversário em cima buscando o empate e agradecendo os espaços concedidos.

Diniz cansou de apanhar e encontrou um Fluminense com a confiança do título estadual conquistado sobre o maior rival e a paradoxal consequência positiva das vexatórias eliminações precoces na Libertadores e na Sul-Americana: mais semanas "cheias" para trabalhar.

O treinador gosta de definir uma base e insistir com ela em busca do entrosamento. Fundamental para a proposta ofensiva de reunir jogadores no setor em que está a bola, muitas vezes colocando os dois pontas do 4-2-3-1 no mesmo lado. Passes curtos, mobilidade para se desmarcar.

Encontrou em Paulo Henrique Ganso um regente e nos laterais Samuel Xavier e Caio Paulista, este improvisado pela esquerda, as referências para inverter a jogada, se necessário. São os escapes ou elementos surpresas.

Mas quem faz o ataque que tem média de cerca de 14 finalizações por jogo e cinco no alvo ser o terceiro mais efetivo, com 29 gols em 19 partidas, só atrás dos 31 do Palmeiras e dos 30 do Bragantino, é Gérman Cano.

O argentino minimalista que, guardadas todas as proporções e evitadas todas as comparações, lembra Romário no posicionamento e na capacidade de definir com apenas um toque. Artilheiro da competição com 12 gols, mais um assistência.

Na maioria dos gols, o time troca passes, atrai a marcação para um lado do campo e encontra o argentino livre do lado oposto. Nem tão próximo a ponto do congestionamento gerar um marcador para si, nem tão aberto para ficar longe da zona de finalização. Inteligência e eficiência.

Bem assessorado por Jhon Arias, com três gols e quatro assistências, além da intensa movimentação do colombiano que facilita o trabalho do centroavante. Não forma uma dupla na frente, como Brenner e Luciano no São Paulo de 2020, melhor momento da carreira de Diniz depois do atual. No time paulista os gols eram mais divididos.

No Fluminense é difícil concorrer com Cano, com 29 na temporada. Transformando o "L" , homenagem ao filho Lorenzo, em febre entre os torcedores. De um time favorito nas quartas da Copa do Brasil diante do Fortaleza desesperado para fugir do rebaixamento nos pontos corridos. Que no Brasileiro vai encarar em casa o Palmeiras no returno e tem uma frente a menos que muitos times para se preocupar.

Os riscos são os mesmos do declínio do São Paulo há dois anos: desgaste da base titular e o temperamento explosivo do treinador. Mas Diniz parece mais maduro e cuidadoso, sem contar o elenco que oferece opções de qualidade, vindas do mercado ou de Xerém.

E tem Cano para, em apenas um toque, transformar o "Dinizismo" em uma proposta com mais capacidade de competir forte. Quem sabe até pelos dois principais campeonatos do paísna temporada?

(Estatísticas: Footstats)