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Palmeiras não para de competir, e o Galo de vacilar
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O Palmeiras já havia sinalizado no primeiro tempo no Mineirão o que os rivais parecem não perceber, ou não conseguem encontrar uma solução prática: mesmo em um primeiro tempo sofrendo com rotação baixa e desempenho coletivo ruim, o time de Abel Ferreira é capaz de ser letal em uma única estocada.
O Atlético Mineiro teve a sorte de Gustavo Scarpa estar impedido na origem do ataque que terminou no gol bem anulado de Piquerez. O Palmeiras finalizaria apenas mais uma vez em 45 minutos. Contra 14 do Galo, incluindo duas grandes chances desperdiçadas por Keno e uma finalização de Ademir na trave.
Só duas no alvo. A mais bem-sucedida de Hulk na cobrança do pênalti tolo de Marcos Rocha sobre Jair. O lateral palmeirense foi o elo fraco, o mapa da mina de um sistema defensivo que perdia encaixe quando Hulk recuava, Ademir e Keno infiltravam em diagonal e Zaracho ou Jair entravam na área adversária. Momentos de volume dos tempos do campeão brasileiro e da Copa do Brasil.
Mas com problemas do lado esquerdo da defesa, desfalcada de Guilherme Arana e Allan. Rubens e Otávio tentavam compensar com atenção contra Dudu e Veiga. Mas quando Scarpa, o "Exército de um Homem Só" do Palmeiras, apareceu por ali saiu a jogada do gol anulado.
Foi a senha para Abel inverter Scarpa e Dudu no segundo tempo que começou com intensidade máxima do Galo e gol contra de Murilo em nova jogada de Keno para cima de Marcos Rocha. Zaracho ainda teve a chance do terceiro, porém a finalização não foi precisa.
À beira do campo, Abel demonstrava tranquilidade, diminuindo até as reclamações contra a arbitragem. Sempre apontando para a cabeça, pedindo calma e foco no jogo. Não havia nada perdido no Mineirão, muito menos no confronto.
E veio o gol de Murilo, no rebote de bela cobrança de falta no travessão de Scarpa, sempre ele. O Galo abalado pela má campanha no Brasileiro e traumatizado com a eliminação para o Flamengo na Copa do Brasil, com roteiro parecido de domínio absoluto e o vacilo no gol sofrido que custou caro, começou a murchar. A torcida, escaldada, sentiu e silenciou.
A troca de Veiga, no sacrifício com dores nas costas, por Gabriel Menino, revigorou o meio-campo, puxou Danilo e Zé Rafael para o campo atleticano e Scarpa tomou conta de vez. Cuca demorou a mexer e só fez obrigado pela lesão de Junior Alonso, substituído por Igor Rabello. Acreditou que, mesmo com o nítido cansaço pela pressão do primeiro tempo, seria possível ao menos manter a vantagem.
E parecia mesmo que o Palmeiras perderia a invencibilidade de 20 jogos na Libertadores como visitante e a de 17 partidas consecutivas, especialmente quando Dudu recebeu de Scarpa e perdeu livre diante de Everson.
Só que o bicampeão sul-americano não é uma equipe comum, especialmente no aspecto mental. E Abel não esconde a principal virtude de seus comandados: "O segredo hoje foi sermos positivos mesmo na adversidade, e acho que a equipe tem dado passos muito grandes para lidar com as adversidades do jogo", afirmou na coletiva pós-jogo.
Nenhum time neste continente entende tão bem que o jogo e o confronto de 180 minutos entre times grandes têm diferentes fases. Vários jogos dentro de um ou dois. Sobreviverá o time que não se desmanchar, não deixar de competir, não desligar nos momentos mais complicados.
O Palmeiras sabe sobreviver. Talvez Abel até goste desses momentos para que seu time mostre superação e ganhe "casca".
Certamente ganhou mais uma camada ao empatar no último ataque. De novo Scarpa, no escanteio pela direita. Desvio de Dudu na segunda trave, Danilo completou para as redes. A segunda conclusão no alvo de oito na etapa final. Um empate que parecia improvável e deixou impressão de vitória.
Principalmente pela reação da torcida atleticana e as expressões de Cuca e Hulk na saída do campo. De um Atlético que viu a confiança evaporar com Mohamed e leva para o Allianz apenas a esperança.
Também o retrospecto recente sem derrotas para o adversário, apesar da eliminação na semifinal do ano passado pelo gol "qualificado", que não existe mais. Novo empate e a decisão será nos pênaltis, calcanhar de Aquiles alviverde nos últimos tempos.
Mas a ida mostrou que o Palmeiras não para de competir. E o Galo de vacilar, mesmo com o retorno de Cuca. A disputa está aberta, mas com um favorito destacado, em busca do tricampeonato. Ainda que Abel Ferreira prefira o papel de Davi contra o Golias. Ou o sofrimento que precede a catarse do triunfo.
(Estatísticas: SofaScore)
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