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Flamengo contrata e esvazia DM, mas ainda perde do Palmeiras na psicologia
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Com as vitórias recentes, incluindo a que encaminhou a classificação para a semifinal da Libertadores, as pautas sobre o futebol do Flamengo ficam todas positivas. Na crise parece tudo errado, incluindo "dossiês" que empilham problemas, alguns escondidos que nasceram justamente na fase em que a bola estava entrando.
Normal, é assim em todos os clubes. É assim que o jornalismo atual funciona. A diferença é que no Flamengo a repercussão é maior, por lidar com a maior torcida do Brasil, espalhada no país todo.
O noticiário também fica movimentado pelas contratações. Everton Cebolinha, Arturo Vidal, Erick Pulgar, Guillermo Varela e a expectativa pela liberação de Oscar para um empréstimo de pelo menos quatro meses do Shanghai Port e o difícil acerto com a Udinese para ter o volante Walace.
Vidal já deu boas respostas em campo, Cebolinha ainda parece um pouco travado, procurando seu espaço pela esquerda do ataque e os demais são incógnitas. O rubro-negro mais consciente vai lembrar da ansiedade pelo acerto e a euforia com o anúncio oficial de Andreas Pereira, que realmente em tese parecia um grande reforço. Mas nunca há garantias.
Se no campo tudo é muito subjetivo, na Ciência as coisas ficam mais palpáveis. No movimento de remontagem do departamento de futebol depois da saida de Paulo Sousa e sua comissão técnica, o clube contratou Michael Minthorne, que era consultor da EXOS, responsável pela implementação do Centro de Excelência em Performance, e agora é coordenador científico responsável por gerenciar a área de preparação física e fisiologia.
Também o o fisiologista Tadashi Hara, que estava no Athletico e era considerado peça chave no estafe do time paranaense. É claro que as lesões no futebol também envolvem pancadas, traumas e outras consequências naturais de um esporte cada vez mais físico, de contato e desgaste. Mas não é coincidência o departamento médico agora estar praticamente vazio, apenas com os problemas que parecem crônicos de Rodrigo Caio e Diego Alves, sem contar a seríssima lesão no joelho direito de Bruno Henrique, que só volta no meio do ano que vem.
Além disso, é nítida a evolução no desempenho físico. Mesmo descontando a utilização recente de dois times, um no Brasileiro e outro nas copas, o elenco rubro-negro está voando. É claro que a parte anímica, aditivada pelas vitórias, e o bom trabalho de Dorival Júnior, que faz a equipe ficar melhor distribuído em campo e "correr certo", ajudam. Mas a presença de profissionais com currículos mais robustos auxiliam no dia a dia a recuperar desempenho. Tão óbvio e ninguém percebia antes?
Assim como parece claro que o preparo mental também é importante. Ou essencial.
Na semana em que o Palmeiras, grande rival nacional do Flamengo nos últimos anos e com mais títulos relevantes, é tão elogiado pela capacidade de recuperação psicológica na adversidade que ajudou a construir a impressionante reação no Mineirão ao sair de um 0 a 2 para um empate com o Atlético Mineiro, é importante lembrar que o clube carioca ainda não conta com um profissional de Psicologia na comissão do futebol profissional.
No Alviverde está lá a Gisele Silva no Núcleo de Saúde e Performance. No Flamengo, o vice de futebol Marcos Braz sempre demonstra incômodo e irritação com perguntas sobre esse tema em coletivas - feitas sempre nos momentos de crise, é claro. Diz que cada um deve procurar um psicólogo de confiança se achar necessário e sempre cita o suporte dado a Michael quando o atleta sofreu com a depressão.
Mas parece evidente que ter alguém no clube para realizar dinâmicas que auxiliem em campo e dar suporte aos atletas em um aspecto fundamental, para que estejam preparados para os vários cenários possíveis dentro de uma partida, especialmente as decisivas e eliminatórias, pode pesar a favor na linha tênue entre vitória e derrota.
Sem tanto investimento em contratações de estrelas, o Palmeiras de Abel vai colhendo os frutos de um trabalho interdisciplinar competente. O Flamengo tem orçamento para se reforçar em todas as frentes e buscar uma hegemonia nacional e na América do Sul. Basta abandonar de vez alguns preconceitos e velhas ideias.
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