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Palmeiras de Abel Ferreira tem vocação para o épico
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É claro que a expulsão de Danilo, aos 29 minutos do primeiro tempo, não foi intencional. Na verdade pareceu mais um erro de cálculo e execução do ótimo jovem volante palmeirense na marcação a Zaracho. Entrada dura e no lugar errado.
Mas o fato é que o Palmeiras conseguiu, depois de uma tentativa de pressão para conseguir rapidamente uma vantagem para administrar, que o protagonismo do jogo no Allianz Parque pela volta das quartas da Libertadores passasse para o Atlético Mineiro.
E o time de Cuca não soube o que fazer com ele, nem com os 68% de posse. Como o próprio treinador reconheceu na coletiva pós-jogo. Faltou mais mobilidade e trabalho entre a defesa e o meio-campo do bicampeão sul-americano, que deixou os encaixes de marcação um pouco de lado e marcou mais por zona em um 4-4-1 que tinha Dudu à frente, Raphael Veiga e Zé Rafael por dentro, Rony à direita e Gustavo Scarpa do lado oposto.
Mudou no segundo tempo, em vários momentos, para um 4-1-4, com Zé Rafael mais fixo à frente da defesa, e uma linha de quatro para gerar mais opções de saída nos contragolpes. E aproveitando cada bola parada, inclusive laterais, para igualar numericamente nas jogadas aéreas.
Piorou depois do cartão vermelho para Scarpa, aos 37 do segundo tempo. Outra falta tola e desproporcional, Aí o Palmeiras foi pura organização e força mental, aditivada pela impressionante energia da torcida nas arquibancadas, cantando alto sem parar.
Enquanto o Galo entrava em pânico com o tempo passando e a responsabilidade de vitória. Quando a bola chegou a Hulk para decidir, ele falhou novamente no estádio do Palmeiras. Ano passado com um pênalti desperdiçado, desta vez em chute cruzado para fora e finalização na trave de Weverton, o melhor da partida com sete defesas.
Ou oito, se considerarmos a intervenção fundamental na cobrança de Rubens, na antes traumática decisão por pênaltis. Poderia ter sido Vargas, que entrou para cobrar e foi expulso nos acréscimos. Murilo completou as seis cobranças perfeitas do time de Abel, cada vez mais forte mentalmente, e fez começar o êxtase alviverde na noite chuvosa em São Paulo.
Se faltou inteligência aos expulsos, que farão falta na semifinal contra Estudiantes ou Athletico, e Danilo pode pegar até dois jogos de suspensão, sobrou inteligência coletiva para conduzir o jogo na adversidade. Especialidade de um time que parece vocacionado ao épico. Ao heroico. Também porque se coloca quase sempre em condição de inferioridade em grandes jogos.
Seja explorando contragolpes contra o River Plate nos dois jogos em 2020, seja fechando a casinha no Allianz contra o Galo nos dois duelos sul-americanos. Ou abrindo o placar cedo na decisão contra o Flamengo em Montevidéu e se dedicando a defender a meta de Weverton durante praticamente todo segundo tempo. Cedeu empate, mas venceu na falha de Andreas Pereira que Deyverson aproveitou, na prorrogação.
Abel prefere sempre ser Davi, mas seu time é Golias. Bicampeão e maior favorito ao tri. Porque tem mais capacidade de adaptação ao que o jogo apresenta, ou às dificuldades que a própria equipe cria para si.
No sábado, enfrenta o Corinthians em Itaquera. O rival abalado por uma eliminação inquestionável para o Flamengo, o Palmeiras com a confiança no topo por mais uma superação. Mas Abel já prefere ir pelo caminho do desgaste físico e emocional da partida e do dia a menos para descanso e preparação. Favoritismo sempre do outro lado. Mesmo com seis pontos de vantagem na tabela. Típico.
(Estatísticas: SofaScore)
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