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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palmeiras perde invencibilidade, mas Athletico respeitou demais

Veiga em ação contra o Athletico pela semifinal da Libertadores - Cesar Greco/ Palmeiras
Veiga em ação contra o Athletico pela semifinal da Libertadores Imagem: Cesar Greco/ Palmeiras

Colunista do UOL Esporte

31/08/2022 08h31

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O Palmeiras de Abel Ferreira estava invicto há 18 partidas na Libertadores, 20 como visitante. Marcas históricas que o Athletico jogou por terra em uma semifinal da Libertadores.

Não é pouco, o feito é enorme, de fato. Mas o contexto era todo favorável ao time de Luiz Felipe Scolari na Arena da Baixada. Especialmente os desfalques no adversário de Danilo, este para as duas partidas, e principalmente de Gustavo Scarpa, apenas na ida.

Ainda conseguiu sair na frente, aproveitando a força de Khellven pela direita em ultrapassagem às costas de Roni, deslocado para a ponta com Flaco López entrando no centro do ataque alviverde, o domínio espetacular e o giro rápido da joia Vitor Roque e a inteligência de Alex Santana na finalização.

Felipão teve coragem na formação inicial, não utilizando três zagueiros, fixando apenas Hugo Moura à frente da defesa - para marcar Raphael Veiga, a única referência criativa do adversário - e dando liberdade a Fernandinho e Alex Santana no meio, mais três atacantes, ainda que Canobbio e Vitinho voltassem com Piquerez e Marcos Rocha, respectivamente.

Mas talvez a incrível chance perdida por López logo aos cinco minutos tenha intimidado os donos da casa. E Felipão já deixou claro que reconhece a superioridade de Flamengo e Palmeiras nos cenários nacional e continental sobre o Athletico.

Só que o atual bicampeão sul-americano jogou mal, o que tem sido uma tônica das últimas partidas, e, principalmente, estava fragilizado e exposto atrás. A troca de Danilo por Gabriel Menino abriu espaços demais entre as intermediárias e o peso de Scarpa no desempenho do time paulista é imenso, com e sem a bola.

Era jogo para aproveitar os problemas do oponente e encaminhar a classificação. Faltou coragem a Felipão, mas depois dos 7 a 1 o treinador veterano dá a impressão de que, diante de um time superior, prefere ser cauteloso o tempo todo para evitar novo vexame, como no Mineirão há oito anos. Respeitou demais.

Exagero nos cuidados defensivos e demora para fazer substituições. Especialmente Hugo Moura, que já era para ter levado amarelo na entrada por trás que tirou Veiga do jogo, foi advertido minutos depois e estava "maduro" para levar o vermelho. Acabou expulso pela tolice de tocar a mão na bola caído no chão, interrompendo o jogo, ainda que tenha realmente sofrido falta no lance.

Aí não teve jeito, o Athletico fechou a casinha em um 4-4-1 e a oportunidade de buscar mais gols foi desperdiçada de vez. O Palmeiras cresceu, se instalou no campo de ataque, até colocou em prática os conceitos que Abel expôs na entrevista depois da classificação contra o Atlético Mineiro, alternando jogadas por dentro e por fora, mas tecnicamente a partida dos alviverdes foi sofrível. 63% de posse e 14 finalizações a nove, quatro a um no alvo, mas sem inspiração e efetividade.

Tudo favorável ao Athletico até ficar com um homem a menos, porém o placar ficou bem magro. Histórico, mas insuficiente para resistir com conforto no Allianz Parque, ainda que tenha vencido no mesmo estádio por 2 a 0, pelo Brasileiro. Outro contexto, agora valerá vaga em decisão. Com Scarpa de volta e Felipão, também expulso, fora da beira do campo para comandar seu time.

O Palmeiras continua favorito, mas terá que recuperar Veiga e a força ofensiva para se impor e chegar à terceira final seguida de Libertadores.

(Estatísticas: SofaScore)