Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dinizismo não merece seleção nem perseguição, mas precisa de ajustes
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Fernando Diniz é um nome que costuma despertar reações extremadas no futebol brasileiro.
Muitos acham que não seria absurdo um jovem treinador sem títulos relevantes ou nome de peso como jogador, comandar a seleção brasileira após o ciclo de Tite. Outros o tratam quase como um impostor, sem nível sequer para comandar uma equipe de Série A no país.
Este que escreve não é fã, nem hater. Também não é isentão. Digamos que o time dele é legal de ver, mas difícil de torcer.
Uma análise descarnando a paixão, porém, pode revelar aspectos interessantes da linha de trabalho, mas que precisam de ajustes para se adequar à realidade brasileira.
Alguns aspectos do modelo de jogo têm como consequência um desgaste físico e mental a longo prazo. Não pode ser coincidência que seus melhores trabalhos tenham definhado com a sequência da temporada.
A "saidinha" não é exatamente um problema por causa dos erros. É possível levar gol também por causa de uma ligação direta mal feita que é rebatida e pega a defesa e o goleiro mal posicionados, como no primeiro gol do Corinthians nos 3 a 0 sobre o Fluminense que colocaram o time paulista na final da Copa do Brasil.
Valorização da posse é uma discussão estéril e ultrapassada. Todo mundo já sabe que ficar 60% do tempo com a bola não significa nada, o que vale é o que se faz nesse período para chegar à meta adversária.
O problema é a extensão do campo que meio-campistas precisam cobrir ao recuar tantas vezes até a própria área para auxiliar na construção e ter que chegar na zona de conclusão para não isolar os atacantes.
Colocar os dois pontas no mesmo lado do campo para criar superioridade numérica no setor da bola é uma ideia interessante. Não exatamente inédita no Brasil, já que o Corinthians de Tite em 2015 tinha Jadson saindo da direita para se juntar a Guilherme Arana, Malcom e Renato Augusto do lado oposto para tabelar e triangular.
Mas imagine que esse ponta, sempre que o time não recuperar a bola rapidamente na pressão pós-perda, terá que cruzar o campo para voltar ao seu setor na fase defensiva. Ou que o lateral que ficou bem avançado do lado oposto para receber uma possível inversão, também terá que correr rápido e por muitos metros para não levar uma bola nas costas.
Tudo isso requer sintonia, entrosamento. E para isso, Fernando Diniz insiste em uma formação titular. A mesma em duas ou três competições, se assim for necessário. E o treinador cobra muito à beira do campo. Principalmente para que se execute o que foi treinado, independentemente do contexto da partida.
Não há corpo e mente, dentro do calendário brasileiro, que aguentem essa maratona.
Caso Diniz não queira ceder um centímetro em sua ideia de jogo, nem no nível de cobrança, que tal rodar mais o elenco? Ou formar duas equipes, já que o entrosamento é tão essencial?
Nada a ver com o Flamengo de Dorival Júnior, que arma dois times por outras demandas - problemas físicos desde o ano passado e um vestiário mais "sensível", que precisa ter todos jogando para evitar melindres.
Apenas uma ideia para que os mesmos não estejam em campo todo jogo para correrem além da conta e serem pressionados pelo chefe obsessivamente.
É possível evoluir e se adaptar, sem se curvar ou perder a essência. E, dentro da realidade brasileira, Diniz precisa de um título relevante. Senão entrará em um ciclo ruim na carreira: não vence porque comanda elencos fracos. Ou comanda elencos fracos porque não tem currículo.
O Dinizismo não merece seleção, nem perseguição. Mas pode mudar para melhor.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.