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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Dorival Júnior começa decisões pelo Flamengo entre seleção e desemprego

Dorival Júnior, técnico do Flamengo, durante jogo contra o Inter - Thiago Ribeiro/AGIF
Dorival Júnior, técnico do Flamengo, durante jogo contra o Inter Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

12/10/2022 09h31

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Parece absurdo. E é mesmo.

O Flamengo começa a decidir a Copa do Brasil na Neo Química Arena, mas também com a cabeça na final da Libertadores, dia 29.

Se em outros países a copa nacional é um torneio de importância menor, aqui no país que só começou a disputar a principal competição por pontos corridos a partir de 2003, a cultura de mata-mata é tão enraizada que muitos times abandonam o Brasileiro para se dedicar à copa.

E o resultado tem peso. Até demais. A ponto de ajudar a definir o destino de um treinador.

Dorival Júnior chegou ao Flamengo em junho, Fez um trabalho de recuperação de autoestima, gestão de vestiário e ajuste da equipe para abrigar os principais jogadores. Incluindo o controle de minutos de um elenco envelhecido e com sequelas de má preparação de 2021.

Um profissional que vinha fora do mercado. Inicialmente por problema de saúde, depois por opção ou falta de oportunidades que, de fato, valessem a pena. Voltou comandando o Ceará, chamou a atenção ao vencer o Palmeiras de Abel Ferreira no Allianz Parque, em uma das duas únicas derrotas até aqui do virtual campeão, e se credenciou para ser o sucessor de Paulo Sousa.

Agora vive uma "encruzilhada" típica do nosso futebol. Caso vença as duas competições pelo time de maior torcida do país, com repercussão gigantesca, será o grande favorito para suceder Tite na seleção brasileira. Os títulos chancelariam a escolha de um técnico sem currículo robusto.

Por outro lado, se fracassar em ambas, o que não seria nenhum absurdo pelo equilíbrio de forças e, no caso da Libertadores diante do Athletico, a total imprevisibilidade de uma decisão, ainda mais em jogo único, a tendência é que Dorival vire 2023 sem emprego.

Se vencer apenas a Copa do Brasil, ficará mais perto do desemprego. No caso de conquistar "só" a principal competição sul-americana, a CBF ficará mais próxima.

Avaliação criteriosa, considerando estilo, proposta de jogo, etc.? Nada, só o resultado e o populismo da CBF, considerando o clube envolvido. E, no Flamengo, também olhando apenas o placar final, desconsiderando o contexto, o que incluiu as particularidades da gestão do elenco. O trabalho de Dorival não era simples, apesar da qualidade dos atletas, e ele chegou longe.

Nada disso importa. Se vencer, a glória e depois o cargo máximo a que um treinador brasileiro pode aspirar no país. Caso perca, a porta da rua é a serventia da casa. Simples assim. Uma insanidade completa.