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Há 40 anos, Flamengo fugiu da "entregada" e terminou campeão
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O tema "entregada" voltou à tona com a conveniente derrota da Espanha para o Japão que eliminou a Alemanha no saldo de gols no Grupo E e fez a "Roja" encarar Marrocos, e não a vice-campeã mundial Croácia, nas oitavas e fugir de um provável duelo com o Brasil pelas quartas.
Nenhuma acusação ou ilação, apenas os fatos e uma análise da atuação "preguiçosa" da seleção comandada por Luis Enrique. E, se aconteceu, não será a primeira, nem última vez. Na impossibilidade de um sorteio antes das oitavas, por questões logísticas, a Copa do Mundo sempre correrá esse risco. Assim como corria dentro de outras fórmulas de disputa.
Em 1974, a Alemanha, então Ocidental, foi derrotada pela Oriental na primeira fase por 1 a 0 e, com isso, fugiu de uma segunda fase contra Argentina, Brasil e Holanda, encarando um grupo menos complicado, com Suécia, Polônia e Iugoslávia. Os anfitriões, com um timaço que contava com Sepp Maier, Beckenbauer, Breitner, Overath e Gerd Muller, lideraram o grupo e só encararam a "Laranja Mecânica" na final em Munique, vencendo por 2 a 1 e celebrando o então bicampeonato.
No Mundial de Vôlei Masculino em 2010, a seleção brasileira, comandada por Bernardinho, então bicampeã, perdeu com time misto por 3 a 0 para a Bulgária na segunda fase e assim encarou um grupo mais tranquilo na etapa seguinte, com Alemanha e República Tcheca, enquanto os búlgaros tiveram que encarar Espanha e Cuba. O Brasil terminou campeão, mas muito criticado.
No futebol brasileiro, os títulos de Flamengo em 2009 e Fluminense em 2010, com adversários não se esforçando tanto nas últimas partidas porque prejudicariam arquirrivais locais, fizeram com que a CBF, em 2011, reservasse a rodada derradeira para os grandes clássicos estaduais.
Mas em 1982, o Flamengo, então campeão sul-americano e mundial, fugiu de uma situação que seria confortável e até aceitável diante de um Brasileiro inchado e com regulamento confuso.
Na primeira fase, o time de Zico encarou um grupo com São Paulo, então campeão paulista e que cederia quatro jogadores à seleção brasileira, Náutico, Treze e Ferroviário. Voltou de férias no dia 14 de janeiro, por ter massacrado o Liverpool em Tóquio por 3 a 0 em 13 de dezembro de 1981, e no dia 20, feriado de São Sebastião no Rio de Janeiro, já estava no Maracanã para estrear na principal competição nacional contra o São Paulo.
Virada por 3 a 2, depois de sair para o intervalo perdendo por 2 a 0. Depois os times tiveram campanhas semelhantes até a última partida, que seria no Morumbi. O Flamengo tinha 13 pontos e o São Paulo, 11. Se vencesse por 1 a 0, o time paulista igualaria nos pontos e superaria no saldo de gols: 13 a 10.
Com a derrota, os rubro-negros fugiriam de um grupo na segunda fase com Internacional, Atlético Mineiro e Corinthians e cairiam em outro com Ceará, Ponte Preta e Atlético-PR.
Na época, sem internet, surgiram rumores de que o Flamengo escalaria time misto, ou não faria muita força no estádio são-paulino. Mas Paulo César Carpegiani escalou titulares, a equipe carioca cumpriu uma de suas grandes exibições no campeonato, dentro de um dos melhores jogos da competição, e venceu, novamente de virada, por 4 a 3.
Não fugiu do que ficou conhecido como "Grupo do Povo", pelos times com torcidas numerosas, e conseguiu a classificação, ainda que um ponto atrás do Corinthians. O São Paulo, óbvio, liderou o seu grupo, mas viria a cair nas quartas para o Guarani, de Jorge Mendonça e Careca, com duas derrotas, no Morumbi (0 a 1) e Brinco de Ouro (2 a 0).
Já o Flamengo superou Sport nas oitavas, Santos nas quartas, o próprio Guarani na semifinal e, na decisão em três partidas, o Grêmio, campeão do ano anterior. Em seis meses, fechou o ciclo de títulos possíveis no país: estadual, brasileiro, sul-americano e mundial.
Sem direcionar confrontos ou escolher adversários. Como deve ser.
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