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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Argentina cumpre missão, mas terá trabalho com a Holanda de Dumfries

Messi e Alvarez se abraçam após gol da Argentina sobre a Austrália em jogo da Copa do Mundo - Pedro Nunes/Reuters
Messi e Alvarez se abraçam após gol da Argentina sobre a Austrália em jogo da Copa do Mundo Imagem: Pedro Nunes/Reuters

Colunista do UOL Esporte

03/12/2022 18h05

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A Austrália tentou se proteger e fazer história com a missão quase impossível de eliminar a Argentina de Messi com duas linhas de quatro compactas e bem coordenadas. No estilo handebol, para que os corpos neguem espaços aos rivais mais qualificados.

Conseguiu por um bom tempo, liderado pelo gigante zagueiro Souttar, até que Messi despertasse recebendo a bola em sua posição preferida. De onde deve ter marcado uns 300 de seus quase 800 gols em mil jogos. Da meia direita, já dentro da área, para bater no canto direito do goleiro Ryan.

Descomplicando um jogo que ficou difícil pela disciplina sem bola dos australianos. Mas também pela ausência de Di María, com dores musculares e substituído por Papu Gómez, que jogou mais pela esquerda, empurrando Julián Álvarez para o lado oposto, com Messi como falso nove, contando com a aproximação de Mac Allister, De Paul e a qualidade de Enzo Fernández na organização de trás. Os laterais Molina e Acuña atacavam bem abertos, porém sem muita profundidade e qualidade no um contra um.

Tudo se resolveu na saída errada sob pressão de De Paul que Álvarez aproveitou. Com 2 a 0, a prioridade foi circular a bola, "descansar" com posse, fazer o tempo passar e descansar os mais desgastados.

Só não contava com o gol de Goodwin, em chute que desviou em Fernández, e um jogo maluco, com Lautaro Martínez perdendo um gol atrás do outro e mostrando porque é reserva de Álvarez, um quase golaço, que Messi assinaria, do lateral Behich, e o sufoco no último ataque que quase terminou no empate com Kuol, que o goleiro Martínez salvou. Confirmando a insanidade que é essa Copa.

Mas a albiceleste é favorita contra a Holanda, ainda que possa ter trabalho com a equipe de Louis Van Gaal. Pragmática, ainda invicta, segunda melhor campanha na fase de grupos. "Oranje" de Van Dijk, Blind, De Jong, do artilheiro Gakpo e de Memphis Depay.

Mas, fundamentalmente, do ala Dumfries. O destaque absoluto dos 3 a 1 sobre os Estados Unidos. Primeiro nas assistências para Depay e Blind, com os espaços para acelerar e buscar o fundo que o jogador da Internazionale não teve contra Equador e Senegal na fase de grupos.

Quando o jogo ameaçou se complicar com o gol de Wright, o próprio Dumfries resolveu. Primeiro, compondo como lateral, salvando quase sobre a linha um gol certo e depois indo às redes, completando assistência de Blind.

Por causa do ala holandês, Scaloni pode trocar Acuña por Tagliafico para proteger melhor o setor, que precisará da atenção também de Fernández e De Paul. Sem descaracterizar o estilo argentino de aproximar e "costurar" por dentro, no ritmo de Messi.

A missão não é simples. Mas a Argentina parece mais pronta e com mais peso para chegar à semifinal.