Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Técnicos da seleção sempre saem menores do que entraram. Próximo!

Zagallo e Parreira durante treino da seleção brasileira na França, em 2003 - Antonio Scorza/AFP
Zagallo e Parreira durante treino da seleção brasileira na França, em 2003 Imagem: Antonio Scorza/AFP

Colunista do UOL Esporte

21/12/2022 08h30

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Segue a expectativa pelo nome do novo treinador da seleção brasileira.

Nomes entram e saem da lista de especulações conforme os acontecimentos - Dorival Júnior perdeu força com a saída do Flamengo, Carlo Ancelotti sinaliza que deve permanecer no Real Madrid até 2024, Fernando Diniz ganha força com o título da Argentina do novato Lionel Scaloni.

Muitos profissionais gostariam de ter a oportunidade de comandar a seleção cinco vezes campeã mundial, mas a história mostra que todos eles saíram menores do que entraram. Simplesmente todos.

Começando por 1958, quando o Brasil entrou definitivamente no mapa do futebol mundial. Vicente Feola, campeão na Suécia, saiu execrado em 1966 pela eliminação na primeira fase. Aliás, essa volta com fracassos dos campeões é uma constante na história.

Aymoré Moreira, campeão em 1962, voltou para suceder Feola e não chegou a 1970. Foi trocado por João Saldanha, o jornalista que foi treinar o Botafogo e, campeão estadual, acabou na CBD. Substituído por Zagallo, que merece um parágrafo à parte.

Consagrado em 1970 por comandar a maior seleção de todos os tempos, ficou para 1974 e já viveu a primeira experiência de apequenamento, detonado pela derrota para a Holanda de Rinus Michels e Johan Cruyff. Voltou vinte anos depois como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira. A função básica era levar pancada da imprensa, especialmente a paulista, para o treinador ter um pouco de paz. Tetracampeão, duas como jogador, ficou para 1998 e entrou no bolo das críticas pela derrota para a França, inclusive com acusações de ter "entregado" o Mundial. Em 2006, foi para a Alemanha doente e acabou menos detonado pela eliminação. Mas até ele saiu menor.

Que dirá Parreira, tratado como um "banana" pela bagunça na preparação em 2006 e depois ridicularizado com Felipão pelos 7 a 1 em 2014. Ambas com responsabilidade dele, sem dúvida, principalmente pela leitura da tal carta da "Dona Lúcia". Mas não deixou de ser outro a se apequenar.

Luiz Felipe Scolari foi de campeão mundial em 2002 a vilão da maior derrota da história do esporte. Nem há muito a dizer. Lazaroni, Falcão e Mano Menezes e Dunga, cada um à sua maneira, foram novatos tragados pelos fracassos e suas carreiras de treinadores nunca decolaram como eles esperavam. Vanderlei Luxemburgo teve a vida devastada depois que passou pela CBF.

Cláudio Coutinho foi ridicularizado pelo "título moral" em 1978 e também pelas expressões consideradas complicadas, como "overlapping" e " ponto futuro". Foi o sucessor de Oswaldo Brandão, que até teve boa passagem em números, mas perdeu a Copa América de 1975 e saiu faltando um ano para o Mundial na Argentina.

Telê Santana montou seleções fortes em 1982 e 1986, mas saiu com a fama de "pé frio" e "azarado", até conquistar tudo com o São Paulo e morrer como lenda. Evaristo de Macedo, Edu Coimbra, Leão, Candinho e Ernesto Paulo tiveram passagens rápidas e praticamente irrelevantes.

Tite é o último. Chegou em 2016 como melhor treinador brasileiro e sai como um qualquer. Bem menor do que entrou, comprovando que a experiência não é das melhores. Até para os cinco que levantaram as taças. Quem será o próximo?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL