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Pelé: o maior ciclo do futebol se fecha e precisa ser respeitado como tal
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17 anos. Jogou quatro partidas na Copa do Mundo de 1958. Marcou seis gols. O única da vitória nas quartas, mais três na semifinal e dois na final. Dois antológicos, o primeiro contra Gales e o penúltimo, o primeiro da grande decisão. Contra a Suécia, dona da casa.
Com isso colocou seu país de vez no mapa do futebol e cumpriu a promessa feita ao seu pai quando o viu chorando em 1950 pelo Maracanazo.
Quanto valeria Pelé hoje?
Provavelmente seria descoberto antes do Mundial, ainda marcando gols em Santos. Ou Bauru. Talvez o scout de um clube europeu o descobrisse ainda no berço, em Três Corações.
O maior ciclo da história do futebol se fecha e precisa ser respeitado como tal.
Sem eurocentrismo. Pelé não jogou no Velho Continente porque não quis, nem era preciso. Na verdade seria um empecilho para servir à seleção fora do período de Copa do Mundo.
Era assim na época. O contexto, cada vez mais importante, justamente por ser esquecido tantas vezes. O mundo não começou com a internet, ou a TV a cores.
Pelé tem muitos gols em amistosos porque o calendário não era como hoje. Não havia receitas de TV, marketing, etc. Era cota de amistoso, bilheteria e mensalidade de sócio, sem programa específico para isso. Só.
Na Copa em que estava mais preparado para brilhar, e o fez pelo Santos atropelando o campeão europeu Benfica no Mundial de Clubes, uma lesão o tirou do torneio. Mas procure o gol contra o México, único dele no Chile em 1962. Ele ATROPELA os adversários, na técnica e no físico.
Isso era o Pelé. O atleta do século combinado com o melhor e mais inovador jogador da história do esporte. Agora pululam vídeos mostrando que o que Zidane, Maradona, Messi, Fenòmeno, Ronaldinho, Cristiano Ronaldo, Cruyff e outros faziam ou ainda fazem ele já inventava, dava seu jeito nos anos 1950/60. Com uniforme encharcado de lama ou suor e bola pesada em gramados impraticáveis.
Ao invés de pensar que os marcadores eram mais ingênuos e o futebol mais lento e menos físico, tente imaginar Pelé com os recursos de hoje.
Seria o que foi, é e sempre será: Rei. O maior e melhor. O mais transformador. O verdadeiro divisor de águas entre recreação e esporte de alto rendimento no mais apaixonante deles. O Atleta do Século XX.
Então respeite, não só agora que ele não está mais entre nós. Com a pele, os ossos e os músculos que era difícil acreditar que tinha do mesmo material que nós. Mas seguirá reinando.
A primeira vez que este colunista ouviu falar em Pelé foi quando a mãe contou que o irmão, nascido em 1969, aprendeu a falar "mãe", "pai", coisas básicas como "xixi" e "papá" e a primeira "subjetividade" que saiu de sua boca do nenê foi "gopeié", que seria "Gol do Pelé!". Na sua grande Copa, a de 1970. A despedida inigualável.
Ele era isso. Gigante no futebol até em pequenas coisas. Vá em paz, Pelé!
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