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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Por que a aventura árabe é o último recurso para CR7 competir com Messi

Cristiano Ronaldo desembarca no aeroporto de Riad, na Arábia Saudita - Al Nassr/AFP
Cristiano Ronaldo desembarca no aeroporto de Riad, na Arábia Saudita Imagem: Al Nassr/AFP

Colunista do UOL Esporte

03/01/2023 10h08

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A Copa do Mundo foi a pá de cal nas comparações entre Messi e Cristiano Ronaldo.

Não só pelo título conquistado com protagonismo pelo argentino, mas principalmente pelo fim da discussão sobre a relevância do Mundial de seleções em relação à Liga dos Campeões da Europa. Na verdade sempre foi uma pauta forçada porque as grandes estrelas da década não conseguiam vencer o torneio da FIFA.

O português ainda sonhava com uma grande premiação individual. Ajudando o Manchester United a voltar a ganhar a Premier League ou marcando gols em uma inédita campanha vencedora de Portugal no Qatar. Falhou miseravelmente nas duas empreitadas.

Porque os quase 38 anos pesam, mesmo para quem ainda trabalha demais para se manter em forma e competindo forte. A cabeça até pensa, mas o corpo não responde mais da mesma maneira. E Ronaldo sempre dependeu muito do físico para desequilibrar, ainda que a inteligência no posicionamento para concluir as jogadas tenha se tornado uma virtude fundamental nos últimos anos.

Cristiano Ronaldo poderia ter buscado mercados mais competitivos que a Arábia Saudita, porém teria que diminuir a remuneração e aceitar ser mais coadjuvante.

No Al-Nassr será estrela máxima e já está "bombando" as redes sociais do clube. Mas, principalmente, terá seu nome ainda no topo, mesmo que seja apenas entre os jogadores mais bem pagos. 200 milhões de dólares por temporada, incluindo acordos comerciais. Um valor realmente astronômico.

Difícil fazer contas com o dinheiro dos outros e mais complicado ainda para um mero mortal avaliar o custo do padrão de vida de alguém como Ronaldo, mas talvez seja um valor que ele nem precise. A questão é que o português se acostumou com os holofotes e o status de estrela milionária.

É também o último recurso para competir com Messi, que recebe cerca de 120 milhões por ano. Mas ambos e o mundo sabem que muito mais valioso foi o troféu que o argentino levantou no Qatar. Esse não tem preço e alçou o campeão a um Olimpo que ombreia com bem poucos, talvez só Pelé.

Cristiano Ronaldo sabe disso e vai se "esconder" em um centro menor. Questionável pelo país controverso, com um governo longe de respeitar os direitos humanos. Uma aventura árabe para lá de excêntrica. Mas ao menos quando o assunto for dinheiro, ele será ainda "competitivo". Foi o que restou.