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Roberto Dinamite é a personificação do Gigante da Colina
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Ir a um jogo no Maracanã era programa relativamente barato nos anos 1980. Ida e volta de trem, ingresso de arquibancada ou geral. Alguns percalços no caminho eram possíveis, mas em partidas com menor apelo era diversão garantida.
Este que escreve gostava de ir a jogos de todos os times grandes. Sentar nas arquibancadas de todas as cores, incluindo Bangu e América, ainda competitivos naquela época. Mas fui quase tantas vezes no lado do Vasco, time do meu irmão, quanto no do Flamengo, o time de coração.
A lembrança mais marcante que tenho de Roberto Dinamite foi em um jogo contra o Bangu, em uma rodada qualquer da Taça Guanabara 1986. O time cruzmaltino naquele período sofria contra a equipe bancada por Castor de Andrade. Vinha de uma sequência de derrotas, incluindo um 4 a 0 em 1984. Jogo duro, o Bangu vencia por 2 a 1 e a disputa caminhava para seu final.
Até que saiu uma falta na entrada da área. A torcida, numerosa mesmo sem lotar o seu lado das arquibancadas, gritou "Roberto!" como última esperança. Cobrança forte e precisa. 2 a 2.
Justamente por não ter sido uma virada, apenas um empate, é que a comemoração me impressionou e nunca sairá da minha memória. Meu irmão, entre outros, ajoelhados e aos prantos gritando "Roberto! Roberto!" em uma devoção tão chocante quanto comovente.
Esse era Roberto Dinamite, maior artilheiro do Vasco, do Campeonato Brasileiro e do Carioca. Que tantas vezes carregou o time nas costas em títulos e vitórias em clássicos. O "exército de um homem só" que quase ganhou o Carioca de 1981 contra o Flamengo que seria campeão do mundo. Duas vitórias, três gols dele. O último na chuva, calando o grito de campeão do rival que viria só no domingo ensolarado.
O homem simples e apaixonado pelo Vasco que precisava que a esposa Jurema o ajudasse nas negociações de contratos. Origem humilde, honrando a história do clube. E solidário, consagrando companheiros com passes precisos: Ramon, Amauri, Arthurzinho e Romário. Inspiração para tantos centroavantes, como Casagrande e Evair.
Não foi um grande presidente do Vasco, nem um deputado memorável. Foi no campo que Dinamite construiu sua eternidade. Se algum atleta cruzmaltino personificou o "Gigante da Colina" esse foi Roberto. Ou é, porque a idolatria não morre. Que vá em paz!
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