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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Roberto Dinamite é a personificação do Gigante da Colina

Roberto Dinamite em jogo do Vasco - Reprodução
Roberto Dinamite em jogo do Vasco Imagem: Reprodução

Colunista do UOL Esporte

08/01/2023 14h27

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Ir a um jogo no Maracanã era programa relativamente barato nos anos 1980. Ida e volta de trem, ingresso de arquibancada ou geral. Alguns percalços no caminho eram possíveis, mas em partidas com menor apelo era diversão garantida.

Este que escreve gostava de ir a jogos de todos os times grandes. Sentar nas arquibancadas de todas as cores, incluindo Bangu e América, ainda competitivos naquela época. Mas fui quase tantas vezes no lado do Vasco, time do meu irmão, quanto no do Flamengo, o time de coração.

A lembrança mais marcante que tenho de Roberto Dinamite foi em um jogo contra o Bangu, em uma rodada qualquer da Taça Guanabara 1986. O time cruzmaltino naquele período sofria contra a equipe bancada por Castor de Andrade. Vinha de uma sequência de derrotas, incluindo um 4 a 0 em 1984. Jogo duro, o Bangu vencia por 2 a 1 e a disputa caminhava para seu final.

Até que saiu uma falta na entrada da área. A torcida, numerosa mesmo sem lotar o seu lado das arquibancadas, gritou "Roberto!" como última esperança. Cobrança forte e precisa. 2 a 2.

Justamente por não ter sido uma virada, apenas um empate, é que a comemoração me impressionou e nunca sairá da minha memória. Meu irmão, entre outros, ajoelhados e aos prantos gritando "Roberto! Roberto!" em uma devoção tão chocante quanto comovente.

Esse era Roberto Dinamite, maior artilheiro do Vasco, do Campeonato Brasileiro e do Carioca. Que tantas vezes carregou o time nas costas em títulos e vitórias em clássicos. O "exército de um homem só" que quase ganhou o Carioca de 1981 contra o Flamengo que seria campeão do mundo. Duas vitórias, três gols dele. O último na chuva, calando o grito de campeão do rival que viria só no domingo ensolarado.

O homem simples e apaixonado pelo Vasco que precisava que a esposa Jurema o ajudasse nas negociações de contratos. Origem humilde, honrando a história do clube. E solidário, consagrando companheiros com passes precisos: Ramon, Amauri, Arthurzinho e Romário. Inspiração para tantos centroavantes, como Casagrande e Evair.

Não foi um grande presidente do Vasco, nem um deputado memorável. Foi no campo que Dinamite construiu sua eternidade. Se algum atleta cruzmaltino personificou o "Gigante da Colina" esse foi Roberto. Ou é, porque a idolatria não morre. Que vá em paz!