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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como Abel pode usar a "crise" a favor do Palmeiras contra o Flamengo

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, no clássico contra o São Paulo, pelo Paulistão - Cesar Greco/Palmeiras
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, no clássico contra o São Paulo, pelo Paulistão Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Colunista do UOL Esporte

23/01/2023 09h01

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O desempenho oscilante do Palmeiras no começo do Paulista é natural para um início de ano, ou sequência da pré-temporada. Dois empates, sendo o último sem gols no Choque-Rei dentro do Allianz Parque, uma vitória. Nenhum gol sofrido, mas instabilidade comum aos rivais do estadual. Tudo normal.

O que motivou os muros da sede social pichados, entre outras questões alheias ao futebol, é o incômodo com a morosidade para repor as saídas de Gustavo Scarpa e Danilo. Um estava negociado há tempos e o outro todos sabiam que era questão de tempo para chegar uma boa proposta. Cabia à direção agir logo após a confirmação da venda de Endrick para o Real Madrid.

Fluxo de caixa se resolve com crédito na praça e isso não falta a um clube com patrocínio forte, boas perspectivas de receita de bilheteria, premiações gordas por conquistas e boas colocações nos últimos anos e, principalmente, muito dinheiro a receber por saídas de jogadores. É uma vergonha o Palmeiras dever ao Peñarol pelo Piquerez.

É claro que o confronto com o Flamengo no próximo sábado, dia 28, em Brasília pela Supercopa do Brasil preocupa. É o duelo com o grande rival interestadual nos últimos anos e o maior desafio até a fase final do Paulista.

Mas, por incrível que pareça, os problemas que o Palmeiras tem para se impor contra pequenos e em casa diante do São Paulo podem virar aliados no Mané Garrincha.

O time de Abel perdeu articulação sem Danilo e Gustavo Scarpa. Ambos eram responsáveis pela maioria dos passes longos e, principalmente, inversões para acionar Dudu na direita e Piquerez à esquerda contra apenas um marcador. Recursos para abrir defesas.

Contra o Flamengo, a força de Jaílson ou a inteligência tática de Gabriel Menino pode suprir a carência na proteção da defesa ao lado de Zé Rafael. A menos que sofra um gol logo no início, a tendência é o atual campeão brasileiro jogar mais no próprio campo e explorando as rápidas transições ofensivas.

E aí entra outro "problema" contra times mais fracos que pode virar solução no sábado: se está difícil Endrick e Rony se entenderem na nova dinâmica ofensiva - o garoto fica mais isolado e ainda "fecha" a diagonal do companheiro, que estava melhor atuando mais adiantado - é grande a chance da velocidade com campo aberto virar trunfo contra a defesa rubro-negra adiantada e com veteranos sem o mesmo vigor para correr para trás, como David Luiz e Filipe Luís.

Sem contar que a "crise" com os protestos da torcida certamente será usada por Abel para colocar seu time na condição que considera mais confortável: de "zebra", jogando o favoritismo para o outro lado e usando o discurso de Davi contra Golias para motivar seus comandados.

Um cenário longe de ser inédito. O Palmeiras será forte e competitivo no Mané Garrincha.