Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Barbieri pede um tempo para o Vasco que sempre é relativo em time grande

Jair, do Vasco, durante jogo contra o Volta Redonda no Campeonato Carioca - Daniel RAMALHO/VASCO
Jair, do Vasco, durante jogo contra o Volta Redonda no Campeonato Carioca Imagem: Daniel RAMALHO/VASCO

Colunista do UOL Esporte

31/01/2023 07h47

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Não é a primeira, nem será a última vez que um time grande tropeça diante do melhor dos pequenos em um estadual. A história é repleta de casos e o roteiro das surpresas invariavelmente passa pelo vacilo de um candidato ao título.

O Volta Redonda do artilheiro Lelê ocupa o G-4 do Carioca justamente no lugar do Vasco. Time organizado por Rogério Corrêa, que soube se defender na maior parte do tempo, fechando os espaços por dentro e usando as costas dos ofensivos laterais cruzmaltinos Puma Rodríguez e Lucas Piton para as rápidas transições que terminaram nos gols de Ricardo Sena e Lelê, que já tem seis em cinco partidas no torneio.

Sem Nenê, poupado e substituído por Alex Teixeira, que jogou muito próximo a Pedro Raul, o trabalho no meio ficou pesado para Jair, Zé Gabriel e Figueiredo, escalado pela esquerda, mas trabalhando mais por dentro para abrir o corredor para Piton. O Vasco criou pouco e defendeu mal.

No desespero da desvantagem de dois gols em Cariacica, despejou 31 cruzamentos no segundo tempo. Diminuiu com belo gol de Gabriel Pec, em assistência do zagueiro Léo e teve a bola do empate no pênalti discutível que Pedro Raul sofreu, bateu mal e Jefferson defendeu.

O modelo de Barbieri, baseado em conceitos do jogo de posição, com zagueiros construtores, laterais ou pontas abrindo o campo e mobilidade por dentro buscando espaços entrelinhas em torno do centroavante de referência, é interessante. É preciso também compreender que o futebol do clube está em reconstrução.

Mas o tempo que o técnico pediu na coletiva depois da derrota é muito relativo em time grande no Brasil. Ainda mais no contexto vascaíno, de uma torcida gigante, fanática, sofrida por seguidos rebaixamentos neste século e vendo o maior rival Flamengo empilhando títulos nos últimos anos. Os diretores da 777 já fizeram declarações populistas prometendo um protagonismo imediato com os investimentos da SAF.

Barbieri precisa ter senso de urgência e compreensão de que a visão do trabalho dele no Red Bull Bragantino foi de uma longevidade que não levou o time a lugar algum além da permanência na Série A e uma final de Sul-Americana sem sucesso. O crédito não é grande.

A maior chance de conquista é o estadual. Considerando que o time ainda precisa jogar os três clássicos e tendo ainda o Bangu de Felipe como concorrente, as chances de ficar de fora das semifinais não são pequenas. A torcida vai entender e não pressionar a nova direção por uma mudança?

Este que escreve sempre será a favor da contratação do treinador com critério e do tempo para ajustar um elenco remodelado. Mas o mundo real costuma apontar outros caminhos. O Vasco precisa de resultados agora.

É melhor pensar na resposta rápida em fevereiro porque o time pronto em agosto é apenas uma hipótese que pode não se concretizar. Infelizmente é assim que funciona.