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São Paulo de Ceni lembra o tricampeão de Muricy, mas nível dos rivais subiu
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Só há um time com três títulos consecutivos na história do Brasileiro desde 1971: o São Paulo de Muricy Ramalho, de 2006 a 2008.
Época do "Soberano", das conversas sobre dinastia e o delírio de "maior torcida do país em dez anos". O domínio nacional era mesmo inquestionável.
Mas não era um período sem turbulências, por conta das seguidas eliminações para brasileiros na Libertadores: perdeu a final de 2006 para o Inter e caiu para Grêmio e Fluminense nos anos seguintes, além da eliminação para o Cruzeiro em 2009 que praticamente decretou o fim daquele ciclo de Muricy no comando técnico.
O perfil da equipe era parecido com o de hoje: time "operário", sem estrelas. Pelo estilo do treinador, a aposta era em solidez defensiva, transições rápidas e objetivas, forte jogo aéreo e precisão na bola parada com Rogério Ceni.
Ceni que, agora como treinador, acredita em um time que propõe mais o jogo, trabalha a bola, mas precisa ter capacidade de desequilíbrio pelos lados. Antes a falta de estrelas era uma opção, apesar da contratação de Adriano Imperador para a Libertadores 2008. Agora é por falta de recursos mesmo.
A grande diferença, porém, está no nível dos rivais. Naquele período, Corinthians, Palmeiras, Santos, Flamengo e outros alternavam graves crises financeiras que respingavam no campo. Muitas vezes os times tinham até estrelas, mas sem estrutura, com atraso no pagamento dos salários, etc.
Agora o sarrafo está bem mais alto. Não só pelos dominantes Palmeiras e Flamengo, mas até o Bragantino, vice brasileiro para o São Paulo em 1991, agora parte do grupo Red Bull, consegue competir de igual para igual. Em capacidade de investimento e também no campo.
Tanto que nunca perdeu em Bragança para o Tricolor do Morumbi desde que voltou à Série A com novo patrocínio. Começou a crise de Fernando Diniz já em 2021 com um 4 a 2. depois vitórias por 1 a 0 e 4 a 3 e empate por 1 a 1.
Agora uma virada inacreditável, depois do golaço de Galoppo abrindo o placar, com Praxedes e Thiago Borbas saindo do banco e indo às redes em dois minutos já na reta final da partida.
O São Paulo nem jogou tão mal. Vai tentando encaixar Erison e ajustar com Luciano na execução do 4-2-3-1/4-2-4. Ataca pela direita com Orejuela/Wellington Rato e à esquerda com Wellington/David. Mas esbarra na falta de poder de decisão. De resolver com bolas nas redes nos períodos de domínio. Foram 12 finalizações, três no alvo. Uma a menos que o adversário. A que definiu os 2 a 1.
Não há muito a fazer. As escolhas de Ceni são forçadas pelos limites do orçamento. A tendência é repetir 2022: competindo até o limite no Paulista e na Copa do Brasil - ou seja, sobreviver até cruzar com Palmeiras e Flamengo e sonhar com um "milagre" como o contra o Alviverde no mata-mata nacional. No Brasileiro uma classificação intermediária e novamente tentar a Sul-Americana.
Talvez no cenário de 2007 esse time atual brigasse de fato por algum título. Só que agora não basta. Cabe ao são-paulino lembrar as glórias do passado e viver um presente realista, apoiando no Morumbi como vem fazendo de forma até comovente. São tempos mesmo de resiliência.
(Estatísticas: SofaScore)
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