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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cano faz o L e a diferença em um clássico que lembrou os anos 1980

Germán Cano, do Fluminense, comemora gol com gesto tradicional - DIKRAN SAHAGIAN/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
Germán Cano, do Fluminense, comemora gol com gesto tradicional Imagem: DIKRAN SAHAGIAN/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

12/02/2023 20h30

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A coluna é um espaço para opinião e análise, mas só em ocasiões especiais este que escreve compartilha experiências pessoais. Normalmente em efemérides e quando nossos herois partem deste mundo.

Mas é impossível não citar as minhas primeiras vivências, no estádio e pelo rádio ou TV, do clássico Fluminense x Vasco. Mesmo sem torcer para nenhum dos dois.

Nos anos 1980, a vantagem no confronto era tricolor. E não raras as partidas em que o Vasco dominava, criava mais oportunidades, mas em duas ou três estocadas o Flu matava o jogo. Sem me alongar muito no passado cito dois jogos: 2 a 0 em 1985, gols dos laterais esquerdos Branco e Renato Martins, e 3 a 0 em 1987, no dia do aniversário de Roberto Dinamite, com gols de Assis, João Santos e Washington. Este último eu estava no velho Maraca.

O Vasco deixou de ser freguês do Flu nos anos 1990, quando virou uma larga desvantagem e construiu, a partir daí, um domínio que agora volta a ser abalado - desde 2019 o Tricolor não perde o clássico.

Talvez por isso o roteiro tenha remetido tanto ao período em que comecei a acompanhar de fato o "Clássico dos Gigantes".

A equipe cruzmaltina foi superior durante todo o primeiro tempo. Pressionando o adversário com a bola, não permitindo que o time de Fernando Diniz tivesse superioridade numérica ao concentrar jogadores de um lado do campo. Desta vez o esquerdo, mesmo com Guga como o novo lateral improvisado, mas aproximando os pontas Arias e Keno.

Só que na ausência de Ganso, o Fluminense congestionava o setor da bola, mas não criava e nem conseguia inverter para Samuel Xavier. O Vasco, organizado em um 4-3-3, roubava a bola e acelerava a transição ofensiva pelos flancos. Era mais produtivo pela direita, com Puma Rodríguez e Gabriel Pec. Um cruzamento para cabeçada perigosa de Pedro Raul, uma finalização de Pec para grande defesa de Fábio.

A impressão no intervalo era de que o Flu tinha saído no lucro. Na volta, Diniz trocou o garoto Arthur, de 17 anos e ainda tímido, por Lima, que passou a ocupar o lado direito e foi o suficiente para o clássico ficar equilibrado.

Pedro Raul ainda teve uma outra oportunidade e não colocou nas redes. Foi quando o Flu conseguiu um ataque melhor engendrado pela direita e, enfim, a bola encontrou Gérman Cano, que participava muito pouco. Foi o primeiro "Faz o L" no Maracanã.

O segundo veio em uma obra-prima, já perto do final do jogo, com o Vasco lutando com Eguinaldo, Nenê, Erick Marcus e Orellano na frente para empatar. Mas um erro na saída facilitou o chute da intermediária desse fantástico finalizador argentino, que também passou pelo Vasco.

2 a 0 que complicam o Vasco na tabela e servem de alívio a um Fluminense que voltou a respirar com os gols de Cano, o artilheiro do clássico que lembrou os velhos tempos. De boa memória para os tricolores, que também têm comemorado triunfos nos últimos anos.