Quem é o armador novato responsável pela maior surpresa da NBA
Era pra ter sido o confronto entre o primeiro e o segundo escolhidos no último Draft da NBA. Do lado do New Orleans Pelicans, porém, Zion Williamson continua em sua recuperação física de cirurgia no joelho, com previsão para retorno nesta semana ainda (aparentemente amanhã contra o San Antonio Spurs). Quem esteve em quadra, e mais uma vez muito bem, foi Ja Morant, armador que teve 16 pontos e 9 assistências em 35 minutos, insuficientes, porém, para dar a vitória ao seu time, que perdeu por 126-116 do Pelicans em casa.
Foi mais uma atuação muito boa de alguém que tem jogado uma enormidade pelo surpreendente Memphis, que perdeu pela primeira vez após sete vitórias seguidas mas que se mantém entre os oito melhores do Oeste com a campanha de 20-23, de longe a maior surpresa do campeonato. Morant é autor de 17,9 pontos, 7 assistências e 3,5 rebotes por noite, sendo junto com seu companheiro Jaren Jackson Jr., que tem a parecida média de 17,8 pontos e 4,8 rebotes, por uma das mais belas reconstruções desta temporada.
Além de Morant e Jackson Jr., brilham por um rapidíssimo (é o quinto time com o maior número de arremessos tentados por noite na temporada) e animadíssimo de se ver os também jovens Dilon Brooks, de 15,4 pontos e tendo 40% nas bolas de três, e Brandon Clarke, que soma 12,3 pontos por jogo. Completam a trupe novinha Grayson Allen e Tyus Jones, ala e armador que vêm do banco e têm jogado muitíssimo bem também. Os experientes Jonas Valanciunas, de 15 pontos e 10 rebotes de média, e Jae Crowder, 10 pontos de média e ótima postura defensiva como de hábito, trazem a experiência pro não menos jovem treinador Taylor Jenkins, que estreia na NBA. Bruno Caboclo, ala brasileiro, também está no elenco, mas sem tantas chances de entrar em quadra. Recentemente ele foi para a G-League, a Liga de Desenvolvimento, e acabou se lesionando no joelho (4 a 6 semanas parado).
O interessante desse Memphis é que nada era esperado para essa temporada. Ainda mais depois do começo de 6-16 nas primeiras 22 partidas do campeonato. O elenco é jovem, o técnico também, o time ainda estava se recuperando das perdas de Marc Gasol e Mike Conley, os maiores ídolos da história da franquia, e a torcida não tinha comprado o barulho dessa galera que está chegando - o Grizzlies tem a quinta pior média de ocupação da NBA com 87% de enchimento por partida.
Só que aí Ja Morant, cujo nome de batismo é Temetrius Jamel Morant, começou a jogar muito, empolgar a torcida e as vitórias vieram em uma sequência que agora tem 14 triunfos nos últimos 21 confrontos. Isso tudo para um cara que tem 20 anos recém-completados e que jogou na até então inexpressiva faculdade de Murray State antes de chegar à NBA. Muita gente desconfiava que essa falta de competitividade que enfrentou na NCAA poderia fazer com que sua performance ficasse em segundo plano - sobretudo com a presença de Zion Williamson no Pelicans.
O campeonato começou, é óbvio que Morant ainda está em construção (física, técnica, mental etc.), mas a forma abusada, rápida e intensa com que ele encara o jogo é realmente incrível. Não são raros os seus lances nos Top10 da NBA e também imagens da torcida ensandecida com suas jogadas ao mesmo tempo elétricas e técnicas. Não sei se explica, mas ao contrário dos 99% de seus companheiros que são escolhidos na primeira rodada dos playoffs vindo do circuito universitário o camisa 12 ficou dois anos na faculdade e atuou 65 partidas na NCAA (Zion, por exemplo, teve 33).
A base do Memphis é absurdamente jovem. Os quatro citados acima (Clarke, Brooks, Morant e Jaren Jackson) não têm 25 anos e sabem que, juntos, podem fazer um barulho absurdo nos próximos anos. Pouca gente acreditava, mas está acontecendo. O Memphis está conseguindo voltar a empolgar pouco mais de dois anos após ter implodido o seu lendário time que tinha Conley, Gasol, Zach Randolph e Tony Allen.
É pelas mãos de Ja Morant que os Grizzlies sonham com o futuro. Com o armador pisando no acelerador e envolvendo cada vez mais seus companheiros.
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