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Bala na Cesta

Descanso? Ala de Franca, Jimmy aproveita pausa do NBB pra estudar marketing

Jimmy Dreher - Divulgação
Jimmy Dreher Imagem: Divulgação

26/03/2020 06h04

Prestes a completar 30 anos em 11 de abril, Jimmy, ala do Franca Basquete, é conhecido por ser um dos melhores marcadores do basquete brasileiro nos últimos anos. Feroz no combate aos rivais, ele tem convivido com o coronavírus basicamente com as mesmas questões dos demais atletas do país - recluso em casa e treinando da maneira que dá.

O que Jimmy faz de diferente é que, agora com um pouco mais de tempo livre, o jogador campeão paulista e do Super8 pelos francanos nesta temporada tem conseguido se dedicar aos estudos (a distância, claro) da faculdade de marketing (está no penúltimo período). Bati um papo com ele sobre tudo isso.

BALA NA CESTA: Como tem sido a sua rotina desde que a Liga Nacional de Basquete suspendeu os jogos do NBB e também Franca, os treinos?
JIMMY: Tenho treinado bastante, aproveitando para aprimorar a parte física. Tenho corrido bastante, sempre respeitando as recomendações médicas. Também tenho aproveitado para colocar os estudos em dia. Já estava devendo (risos). Com a correria do dia a dia normal de um atleta, com treinos e jogos, não é fácil se dedicar aos estudos. Com essa paralisação, estou conseguindo estudar bem. Também estou lendo bastante, vendo alguns filmes e séries, além de assistir aos jornais para saber tudo que está acontecendo e como se prevenir do COVID-19.

BNC: Na sua opinião, como foi o processo para a suspensão do campeonato? Foi no tempo correto, ou houve uma demora excessiva?
JIMMY: Acredito que foi a decisão correta a ser tomada. Concordo que é uma situação atípica, então todo cuidado é pouco. Jogamos com portões fechados, mas isso é pior do que não jogar. Não tem a menor graça. É como montar uma peça de teatro e estar vazia. O mais legal do esporte é o clima do ginásio. Foi estranho jogar contra Bauru sem torcida. Parece um treino. Achei correta a suspensão da Liga. Agora é seguir as recomendações dos órgãos responsáveis, fazer tudo certinho para que a epidemia logo seja controlada no país e no mundo.

BNC: Uma notícia legal sua é que você cursa, via EAD (Ensino a Distância), marketing e agora com a suspensão do campeonato está aproveitando para colocar as matérias em dia. Como tem sido isso? Acabou lhe "ajudando" um pouco, é isso?
JIMMY: Sim, para colocar os estudos em dia tem sido ótimo. Preferia colocar tudo em dia em meio ao dia a dia normal, sem nenhuma preocupação com coronavírus ou qualquer outra doença, mas, já que aconteceu, temos que aproveitar. É aquela "ajuda" que ninguém gostaria de ter (risos). Estou no penúltimo período e vamos ver o quanto consigo avançar neste período sem jogos e treinos. Enquanto isso estou aqui em frente ao computador aproveitando para me dedicar aos estudos.

BNC: Sobre sua faculdade, como você consegue definir as mudanças que teve em sua cabeça depois que passou a cursar marketing? Sua visão de campeonato, de esporte, de mundo, mudou?
JIMMY: Com certeza mudou muito. Comecei a pensar no esporte como negócio, mas não só dessa forma. Mudei a forma como penso minha carreira, sobre profissionalismo, como devemos nos comportar, criar identidade, condutas, essas coisas. Estudar marketing tem me ajudado muito na carreira, até sobre o pós-carreira, sobre o que fazer quando parar de jogar, como viver, tudo isso.

BNC: Como estudante e futuro profissional da área, o que você acha que poderia melhorar em termos de marketing esportivo no NBB e nos clubes que disputam o campeonato? Se lhe dessem a "caneta" pra decidir, Jimmy, quais medidas seriam adotadas?
JIMMY: A Liga tem profissionais competentes para conduzirem essa questão, mas lógico que tenho minha opinião sobre alguns assuntos. Eu começaria obrigando os times a terem um departamento de marketing profissional, não sendo um conhecido, um parente, nada disso. É de suma importância para a gestão da equipe, assim como ter fisioterapeuta, equipe técnica, estrutura de quadra, essas coisas. Assim os times teriam condições de vender melhor a imagem da equipe e da competição. Teria melhores condições para apresentar resultados a patrocinadores, apoiadores e até para captar esses recursos. Isso não pode acontecer com dois ou três times. Tem que ser uniforme, assim priorizando o equilíbrio.

Outro ponto é inovar no entretenimento nos ginásios para incentivar as pessoas a irem mais aos jogos, proporcionar experiências ao público. A Liga faz um ótimo trabalho há 12 anos, o campeonato evoluiu, o basquete brasileiro evoluiu, mas ainda temos pontos para crescermos. Não podemos ter, ao final de cada temporada, um time acabando, desistindo de jogar a competição. Isso é ruim para todo mundo, por isso acredito que temos que buscar cada vez mais a profissionalização dentro dos times, com suporte da Liga.