O facilitismo da sede por vingança

Carlos Eduardo errou. Mais do que isso, sabe que errou. Admitiu. Pediu perdão. Ao partilhar do mesmo sonho que Guilherme Arana, que é jogar futebol, compreende na perfeição o tamanho da angústia do companheiro de profissão.

Arana está fora da Copa do Mundo. O estrago está feito. Não há volta a dar. Sejamos então maduros o suficiente para recusarmos o facilitismo da sede por vingança. Por que frustrar e atrapalhar (ainda mais) duas carreiras? Já basta uma.

Crucificar é totalmente diferente de criticar. Carlos Eduardo obviamente precisa ser contestado e repreendido, mas não perseguido e humilhado em praça pública. O apedrejamento nas redes sociais feito pelos ignorantes paladinos da justiça machuca tanto quanto a dor de uma grave lesão no joelho.

O ódio impregnado numa parcela considerável da nossa sociedade pode não ser capaz de afastar ninguém de uma Copa do Mundo, mas fere bastante. Uma ferida aberta que não tem cura. As consequências muitas vezes são piores.

É totalmente possível ser solidário com os dois personagens de um (evitável) episódio lamentável. Nem mais, nem menos. São sentimentos distintos que, no fundo, têm o mesmo sabor de tristeza e impotência.