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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bomba de Cristiano Ronaldo atinge tudo e todos, inclusive ele próprio

Colunista do UOL

14/11/2022 12h58

Cristiano Ronaldo largou a bomba e saiu correndo. Resolveu abrir o livro sobre os últimos conturbados meses no Manchester United, poucos dias antes da Copa do Mundo, e seguiu logo na sequência para Portugal. Nem sequer olhou para trás.

O egocentrismo que fez do português um ser humano muito acima da média e histórico se transformou num duro adversário a ser combatido. Pensou - novamente - apenas em si próprio ao conceder uma entrevista mais pesada do que necessária e, sobretudo, no pior timing. O espelho já não consegue suportar a imagem do craque.

Muitas das declarações ao famoso jornalista britânico Piers Morgan foram polêmicas e pouco profissionais, como, por exemplo, quando diz que se sentiu traído e não tem respeito por Erik ten Hag. Criticou fortemente ainda a infraestrutura dos Red Devils. Foi indelicado.

O tão prometido bate-papo acabou por ser um pedido exclusivo de Ronaldo, mesmo tendo sido aconselhado por muitos a não falar. Fez de forma calculada. Estratégica. Acima de tudo, prejudicial para todos os envolvidos, especialmente a si mesmo.

O ataque ao clube e seus funcionários obviamente vai ter reflexo direto em outros lugares e personagens: companheiros de equipe, empresário e, não menos importante, seleção portuguesa. Entregou de bandeja mais um grave problema para o já atarefado Fernando Santos resolver no Qatar.

Se antes a rejeição recente no mercado de transferências era grande (e cada vez menos surpreendente), com recusas públicas de Bayern de Munique, Napoli e Olympique de Marselha, entre outros, hoje as poucas (boas) portas abertas na Europa devem fechar de vez.

Qual dirigente ou treinador em sã consciência vai querer assumir o risco de ter nesta altura uma bomba-relógio como o atacante de 37 anos? Deixou de ser uma "dúvida" apenas por questões técnicas, tática e físicas. Vai muito além das quatro linhas.

É perfeitamente possível ser solidário e sensível aos problemas particulares de Cristiano Ronaldo, que perdeu um filho e teve a outra recém-nascida internada durante três meses, e ao mesmo tempo criticar a forma como (não) tem lidado com frustrações e negativas.

Nada apaga o histórico vencedor daquele que é e vai ser para sempre dos maiores de todos os tempos. Único. Especial. Muitas vezes de outro planeta. Mas há manchas e falhas que não podem ser apagadas e muito menos ignoradas. Não aqui na Terra.

O Esquenta da Copa conta como foi o primeiro dia da seleção brasileira na Itália, fala do papel de Vinicius Jr. no time e as polêmicas de CR7. Assista: