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São Paulo ou Corinthians? Não tem favorito, o certo é que será histórico

Sornoza e Anthony disputam bola em clássico entre Corinthians e São Paulo - Alan Morici/AGIF
Sornoza e Anthony disputam bola em clássico entre Corinthians e São Paulo
Imagem: Alan Morici/AGIF

10/04/2019 04h00

O título paulista deste ano será um marco histórico; resta saber se para o São Paulo ou se para o Corinthians. É fato que o São Paulo já havia encarado dois períodos longos sem vencer o campeonato estadual, mas seu recorde negativo foi atingido no ano passado: 13 temporadas sem ganhar o Paulista.

Foi em 2005 a última vez que guardaram no Morumbi o troféu da Federação Paulista. O time, então, era comandado por Emerson Leão, mas havia sido formado por Cuca no ano anterior. Depois do título paulista, Leão aceitou um convite para trabalhar no Japão e foi substituído por Paulo Autuori.

Ainda em 2005, o São Paulo conquistou a Libertadores e o Mundial; aliás, na decisão contra o Liverpool, além da atuação extraordinária de Rogério Ceni, foi notável a preparação feita por Autuori. Chegou Muricy Ramalho e o clube faturou três Brasileiros seguidos: 2006, 07 e 08.

Com tantos títulos de incontestável relevância acumulados em tão pouco tempo, não incomodava ficar sem o Paulista.

Rogério Ceni e Lucas Moura 2012 - Nacho Doce/Reuters - Nacho Doce/Reuters
Última taça levantada pelo São Paulo foi a Copa Sul-Americana em 2012
Imagem: Nacho Doce/Reuters

Depois de 2008, porém, a única taça que o time profissional levou para o Morumbi foi a Copa Sul-Americana de 2012, o que aumenta a inquietação pela sequência sem título estadual; sequência, de resto, inédita para o clube.

O São Paulo experimentava angústia parecida há 49 anos, depois de 12 campeonatos paulistas sem a faixa. Em 1970, com Toninho, abarrotado de títulos pelo Santos, Gerson, excepcional craque do Botafogo, e Roberto Dias, o tricolor ganhou o Paulista. Contratou, então, o uruguaio Pedro Rocha, um dos melhores jogadores da história do futebol, e levou o troféu também em 71.

Do mesmo modo que o São Paulo precisava muito do título em 1970, a conquista do estadual deste ano teria importância singular para o clube.

Já o Corinthians busca um feito que conseguiu pela última vez ainda nos tempos do histórico artilheiro Teleco: três títulos paulistas seguidos. De 1937 a 39, o Paulista foi do Corinthians, que já havia conseguido ficar com a taça de 1922 a 24 e de 28 a 30. De 1932 a 34, só deu Palmeiras, então Palestra Itália.

Não é moleza ganhar três Paulistas seguidos.

Nos últimos 80 anos, só o Santos conseguiu; e foram três vezes: de 1960 a 62, de 67 a 69 e de 2010 a 2012. Aqui, vale ressaltar que Pelé foi campeão em 58; 60 a 62; 64 e 65; 67 a 69; e 73 (quando o título ficou com Santos e Portuguesa). Toninho ganhou cinco Paulistas seguidos: de 67 a 69, com o Santos, e em 70 e 71, com o São Paulo.

O Corinthians poderá, assim, se tornar o primeiro a somar quatro sequências de três títulos. Se conseguir, chegará a 30 títulos estaduais e terá a chance, no ano que vem, de alcançar o recorde do Paulistano, único que faturou quatro Paulistas seguidos, a saber, de 1916 a 1919.

Corinthians campeão paulista de 2018 - Ale Cabral/AGIF - Ale Cabral/AGIF
Corinthians tenta pela quarta vez conquistar um tricampeonato do Paulista
Imagem: Ale Cabral/AGIF

Na decisão desde ano, me parece perda de tempo tentar ver favoritismo. O São Paulo, que sofreu além do razoável para se classificar para as quartas do Campeonato, melhorou muito já no primeiro jogo contra o Ituano, ou seja, desde que o meio-campo passou a ser formado por Luan, Liziero e Igor Gomes.

Resolvido o problema no meio, cresceu ainda mais o futebol talentoso de Antony. Mancini também acertou ao escalar Hudson na lateral direita. Nos embates contra o Palmeiras, o time passou por 180 minutos que lhe deram confiança e alguma maturidade; mas também foi notória certa dificuldade para acertar o gol. Cuca, é claro, notou isso e deve estar usando cada oportunidade nesta semana para treinar finalizações.

O Corinthians, por sua vez, como reconhece Carille, tem feito um movimento pendular entre atuações boas e ruins. Foi assim contra o Santos: na Arena, o Corinthians jogou suficientemente bem para vencer sem muito sofrimento; no Pacaembu, porém, só conseguiu ir aos pênaltis porque Cássio foi, de novo, excepcional.

O fato de Carille reconhecer os problemas é o primeiro e necessário passo para que ele arrume as coisas. Jadson pode ser uma das soluções; também é preciso que Gustavo volte a jogar no nível em que estava antes de sua contusão, quando resolveu várias paradas para o Corinthians. A boa notícia para Carille é que Manoel e Henrique melhoraram consideravelmente, além da clara evolução de Clayson nos chutes da entrada da área e nos cruzamentos.

A maior preocupação de Carille, agora, deve ser que seu meio-campo marque mais e melhore sua armação, o que passa por errar menos passes. Muitas vezes, há favorito em um clássico. Não é o caso, no entanto, desta decisão paulista.

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