Zaidan: Parar Messi é missão impossível ou não para Klopp e Liverpool?
Juergen Klopp foi treinador do Borussia Dortmund de 2008 a 2015. Em algum momento daquele período, Guardiola sentenciou: "O Dortmund tem o melhor contra-ataque do mundo.".
Em 2015, Klopp desembarcou na Inglaterra. Hoje, nem é preciso ser Guardiola para saber que nenhum outro time contra-ataca tão bem quanto o Liverpool.
Klopp já disputou duas finais da Liga dos Campeões. Perdeu ambas: a primeira, com o Borussia Dortmund, para o Bayern; a segunda, no ano passado, com o Liverpool, para o Real Madrid. Agora, para chegar a outra final, Klopp e seu Liverpool de contra-ataques fatais terão de passar pelo Barcelona, ou seja, terão de se preparar para tentar deter Lionel Messi.
O Barcelona mudou sua maneira de jogar, quando comparado com o time histórico dos tempos de Guardiola. Mudança natural e inevitável, já que não era possível manter o estilo e a ideia de jogo sem Xavi e Iniesta. O meio-campo de Valverde é talentoso, embora lento; afinal, talentosos e lentos são Busquets, Arthur e Rakitic.
Por isso, Valverde, às vezes, acha lugar no meio-campo para Sergi Roberto, que não tem o talento dos outros três, mas é rápido. Geralmente, porém, Sergi Roberto é escalado na lateral direita, o que permite algum apoio a Piqué. Na esquerda, Lenglet tem de se virar, já que Alba, embora sempre muito dedicado, não é bom marcador. Garantir que Piqué receba colaboração de Sergi ou de Semedo tem a ver com a lentidão do veterano zagueiro.
De todo modo, uma das boas coisas que aconteceram com Valverde nesta temporada é a ótima fase de Piqué, que não esteve bem nos dois anos anteriores. Aliás, talvez seja esta a derradeira temporada em que Piqué jogará em seu melhor nível; assim, o Barcelona deveria se esforçar para manter Umtiti e para buscar o holandês de Ligt.
Voltemos a falar de velocidade. A marcação feita pelo time catalão tornou-se lenta, demasiadamente lenta, o que pode ser um problema incontornável diante da rapidez extraordinária dos contra-ataques do Liverpool.
Valverde sabe que não será moleza fazer sua defesa acompanhar os movimentos e a velocidade de Salah, Firmino e Mané. Mas o Barcelona tem um goleiro excepcional, ter Stegen, e um artilheiro incomum, Luís Suárez. Sobretudo, o Barcelona tem Messi. E se Messi jogar o que pode, o Barcelona avança. Klopp, treinador extraordinário, sabe que é assim e tentará, pelo menos, tornar o mais difícil possível que Messi resolva as coisas.
Ajax x Tottenham: duelo cheio de contrastes
A outra semifinal, entre Ajax e Tottenham, será encontro de contrastes. Já dedicamos uma coluna ao time holandês e seu futebol notável, e ao trabalho de Erik ten Hag, que, em pouco mais de um ano, resgatou no Ajax a herança de Rinus Michels e de Johan Cruyff. Há uma expectativa respeitável de título para um time que venceu o Real Madrid e a Juventus; um time que deixou pelo caminho o campeoníssimo craque Cristiano Ronaldo; um time que dá ares de feito histórico a cada peleja.
Há também uma sensação de despedida, já que dificilmente o Ajax conseguirá manter a maioria de seus titulares. É certo, todos sabemos, que perderá o excelente Frenkie de Jong, um craque do meio-campo, cuja ida para o Barcelona está decidida há meses.
E o Tottenham? Mesmo sem seu artilheiro Harry Kane, o time londrino é capaz de dar muito trabalho. Sim, eliminou o City na base do critério de desempate, e do VAR, e do susto, mas é inegável a eficiência que Pochettino extrai de seu time, assim como está claro que Lloris é um dos melhores goleiros do mundo.
Dos semifinalistas desta Liga, o Tottenham é o que tem menos qualidade técnica, mas, talvez por isso, transpira empenho, organização tática e capacidade de marcação. Pochettino também mostrou que ensinou seu time a se virar quando Kane não está em campo. O Son que o diga.
Pouco depois do encerramento das quartas, Ajax e Liverpool já foram chamados de favoritos. Não tenho motivos para grandes discordâncias a respeito desses palpites, mas lembro que há dois argentinos dispostos a mostrar que as coisas não são tão simples. Um deles é Pochettino, treinador que sabe tirar o máximo possível de seu time; o outro é Messi.
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