Gustavo Fogaça: Grêmio nunca mais jogará o mesmo futebol
Muito se discute sobre as razões do Grêmio de Renato Gaúcho não encher mais os olhos do torcedor em 2019. Alguns colocam a responsabilidade na queda técnica de alguns jogadores, outros culpam ao trabalho do treinador. Tem até gente que acha que a imprensa é a responsável.
A realidade é que, mesmo sem encantar como nos últimos dois anos, o Tricolor tem números bem satisfatórios e que mostram um crescimento no desempenho. Como os pontos não vieram ainda no Brasileirão, esse desempenho não atingiu seu potencial máximo. Mas há muita lenha para queimar ainda pela equipe gremista.
Se em 2017 foram 79 jogos, onde o Grêmio teve uma média de 911 ações por partida (com 78% de acerto), este ano em 34 partidas (até rodada 9 do Brasileirão) a média é de 925 ações com 82% de acerto. Ou seja, o time produz e acerta mais durante os jogos do que dois anos atrás. E se em 2017 os adversários realizavam 819 ações na média (75% acerto), agora são 710 por partida com 76% de acerto. Grêmio não deixa seus adversários jogarem em 2019!
Um treinador que fica muito tempo em um clube precisa a cada ano renovar seu cardápio de rotinas de treinamento, para que os atletas se sintam desafiados e queiram evoluir dentro de uma ideia de jogo. Não sei se Renato fez isso em 2019, ou fará agora na pausa da Copa América, mas certamente isso está fazendo falta.
Mesmo assim, não impediu que o Tricolor aumente a média de seus gols esperados (xG) por partida de 1.4 (2017) para 1.6 (2019), que aumente o aproveitamento das chances criadas de 31% para 34% e dos seus gols marcados na média de 1.5 para 1.8 por jogo.
Além disso, os ataques posicionais tem gerado mais finalizações na média (de 9% a 12%). Mesma coisa os contra ataques, que terminavam 12% em finalizações e agora são 14%.
Caramba! Todos os valores ofensivos mostram um Grêmio MELHOR em 2019 do que nos anos anteriores. E defensivamente também é um time competitivo (mesmo tendo falhado mais na organização defensiva esta temporada). E agora?!
Existe algo na estatística chamado "Regressão à Média", onde geralmente em longos prazos as coisas retornam às suas médias, independente dos extremos que frequentaram. O desafio de Renato e comissão agora é: deixar o time voltar às suas médias ou aproveitar para atingir um novo patamar de desempenho?
O Grêmio nunca mais jogará o mesmo futebol porque simplesmente não é mais o mesmo time. Talvez o time de Éverton, Jean Pyerre e André não consiga os títulos que disputa, mas os números nunca mentem: este Grêmio é o mais eficiente da história de Renato no clube.
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