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Antero Greco: Palestrinos e rubro-negros entre taças ou borboletas

Miguel Borja, do Palmeiras, em lance com o Joaquín Varela do Godoy Cruz, pela Libertadores -  Andres Larrovere / AFP
Miguel Borja, do Palmeiras, em lance com o Joaquín Varela do Godoy Cruz, pela Libertadores Imagem: Andres Larrovere / AFP
Antero Greco

26/07/2019 13h10

No bate-papo da semana passada, escrevi que Palmeiras e Flamengo entravam num período de insegurança e pressão, depois da eliminação na Copa do Brasil. Não deu outra: passaram aperto na rodada do Brasileiro (derrota verde e empate rubro-negro) e na Taça Libertadores (empate palestrino, derrota dos flamenguistas). E vem mais desafio, nas duas frentes.

Os torcedores ficaram com os pés atrás, e já mandaram ver com as cobranças de praxe. Não lhes tiro a razão de terem medo; é muito investimento para o risco de restarem de mãos abanando. Não concordo, nem tem como ser diferente, quando apelam para o terror. Violência é o argumento dos que não têm inteligência.

É para bater pavor de virarem chacota desde já? Vamos ver.

Na Série A, a caminhada da dupla cheia da grana ainda é longa, com 27 rodadas até o final do ano. Tempo suficiente para provarem que não são fogo de palha. O Palmeiras lidera (com a enorme sombra do Santos) e o Flamengo está pertinho, com cinco pontos a menos (26 a 21). Dá, portanto, para acreditar em reação.

No mínimo, terminarão 2019 entre os melhores do torneio. Se bem que, no caso dos dois, tudo que ficar abaixo da conquista do título soará como fracasso. E como só um, no máximo, pode chegar... imagina-se que haverá cornetagem brava na Gávea ou em Perdizes. Sendo redundante na ressalva: sempre pressupondo que um deles carregará a taça para casa.

A questão é a Libertadores, desejo maior de nove entre dez clubes brasileiros. Virou obsessão nacional ganhar a versão latina da Champions. Não poderia ser diferente com Fla e Palestra. E nela ambos correm perigo. Veja, amigo, que não estou afirmando que serão eliminados, mas flertam com o risco de levar um pontapé no traseiro já nas oitavas.

O Palmeiras só não voltou para São Paulo com a corda no pescoço por ter arrancado empate a fórceps, no duelo com o Godoy Cruz. A exibição do campeão brasileiro, na Argentina, foi horrorosa, no primeiro tempo. Levou dois gols e ainda teve a felicidade de ver Morro Garcia desperdiçar a chance do terceiro, em péssima cobrança de pênalti.

Ok, basta empatar por 0 a 0 (ou por 1 a 1), no Allianz, que seguirá adiante. Não seria motivo para pânico, eu sei. Mas o futebol que a moçada de Felipão tem mostrado, desde o retorno da pausa para a Copa América, não faz o torcedor dormir sem preocupação. A equipe antes estável e eficiente agora oscila, tanto que vê vulnerável o sistema defensivo, seu ponto alto.

A zaga tem falhado e fica exposta. O meio-campo não faz a proteção devida, assim como arma pouco para o ataque. Para complicar, voltaram as ligações diretas, excesso de cruzamentos e chutes sem direção. E olha que o Godoy Cruz nem é lá essas coisas.

O Flamengo pagou, no Equador, pela opção de adiantar-se, tocar a bola e finalizar mal. A escolha de Jorge Jesus por "marcação alta" e estilo agressivo é bacana; gosto de times atrevidos. Desde que sejam certeiros, letais e desbanquem adversários.

Não foi o que se viu diante do Emelec. A posse de bola atingiu índices altos, assim como a ocupação de espaço. Só que foram poucas as chances de gol. Os equatorianos se encolheram, foram menos pretensiosos e aproveitaram duas das três oportunidades que tiveram no jogo todo. Fatura liquidada e vantagem boa para trazer para o Rio.

E com um detalhe já notado em pouco tempo de trabalho do técnico português: o Emelec explorou as brechas defensivas rubro-negras. Jogará no Maracanã com o regulamento e, quem sabe, na busca de um gol. O que tornaria a tarefa brasileira mais penosa.

Caros palestrinos e rubro-negros, longe de mim ser alarmista. Mas recomendo chazinho de erva-cidreira no fim de semana (Palmeiras x Vasco e Fla x Botafogo) e principalmente para os jogos de volta da Libertadores. Os dois podem passar, sem dúvida. Porém precisam melhorar - e muito - para justificarem a fama de candidatos a papa-títulos.

Ou mostram mais futebol e equilíbrio ou não vão nem caçar borboletas.

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