Fogaça: Com direito a sonhar. O futebol transformando vidas na África
O futebol habita os sonhos da maioria de garotas e garotos nas comunidades carentes no Brasil desde sempre. E isto se repete com crianças em toda América Latina, do México a Argentina. Na África não é diferente. O que sim muda são as condições paupérrimas que as comunidades desses países vivem, em ambientes contaminados pelo obscurantismo religioso, as forças ultra militares e governos ausentes e corruptos.
Neste caldeirão de dificuldades, ter uma chance no futebol profissional é mais que uma saída para "melhorar de vida", é questão de pura sobrevivência. É por isso que quando um atleta africano consegue sair desse círculo destrutivo, ele tenta retribuir ao máximo com o lugar de onde veio. Pergunte pelas ruas de Abidjan na Costa do Marfim sobre Drogba, ou em Douala, em Camarões, por Samuel Eto'o. Nas comunidades de Lomé no Togo tente falar sobre Adebayor e verá: são mais do que ídolos do esporte. Eles praticamente ocupam o lugar que o Estado deveria ocupar nestas sociedades.
Dentro dessa realidade, tão parecida com muitas no Brasil, centenas de crianças apaixonadas correm atrás de uma bola imaginando um dia ser como seus ídolos. Como transformar o esporte em uma porta de entrada para a cidadania? Como aproveitar essa paixão e aproximar tantos jovens carentes de possibilidades de estudo e trabalho?
Há várias ONGs e instituições pelo mundo que fazem um trabalho notável nesse sentido, mas quero destacar o trabalho do Right to Dream ("Direito a Sonhar"), um grupo de investidores que se juntou a times de futebol e outras organizações para dar a jovens de vários países africanos a oportunidade de sonhar.
Em 1999, o inglês Tom Vernon era scout (olheiro) do Manchester United na África. Envolvido pela realidade e paixão pelo futebol que lá viu, resolveu abrir uma academia de futebol em Accra, capital de Gana. Nascia assim a Right to Dream, que logo se transformaria de uma escolinha de futebol para uma formadora de cidadãos.
Ao longo dos anos e com ideias na cabeça, ele conseguiu juntar investidores filantrópicos ao redor do mundo que enxergaram o trabalho sério e transformador que ele estava realizando. Assim, conseguiu parceria com o FC Nordsjaelland da Dinamarca, que recebe constantemente revelações das academias do grupo espalhadas pela África.
Mas segundo Vernon, não adianta apenas jogar bem futebol. É necessário ter valores sociais e que sirvam para transformar e ajudar a outros no futuro. "Se eles não levarem a mensagem adiante, não adianta de nada jogar bem. O potencial que atletas têm de serem modelos de comportamentos positivos é fundamental na nossa estratégia", diz o CEO no site oficial.
Atualmente, há 30 jogadores formados nas academias do Right to Dream que se tornaram atletas profissionais, entre eles cinco chegaram à seleção principal de Gana: Mohammed Abu, Abdul Waris, Yaw Yeboah, Thomas Agyepong e Godsway Donyoh.
Mas o grande ídolo e símbolo maior das ações da Right to Dream é David Accam, atualmente no Colombus Crew da MLS, que saiu da academia em Accra para o Ostersunds FK da Suécia, depois ficou 5 temporadas no Helsinborg. Accam já abriu sua academia nos modelos do Right to Dream em Gana, dentro do processo de retribuição social que rege o grupo.
Em 2013, a Right to Dream começou o programa de futebol feminino, para inserir jovens garotas neste círculo virtuoso e tentar evitar que muitas sejam vitimadas por um machismo religioso e cultural muito forte, que termina levando muitas a morte como acontece em lugares da Nigéria e Somália.
Assista ao mini documentário sobre o trabalho de um dos scouts da Right to Dream em Gana, entenda um pouco mais sobre o processo e ajude a divulgar essa bela ideia de cidadania através do esporte.
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