Zaidan: É a vez de Messi e Cristiano entrarem em campo na Liga dos Campeões
A rotineira artilharia de Haaland, a primeira derrota do Liverpool neste ano, as armadilhas de Simeone, a reiterada eficiência de Nagelsmann, o espetáculo da turma do Gasperini. Haverá mais: é hora de Messi, Cristiano Ronaldo, Zidane e Guardiola subirem ao campo, repetirem feitos, sacarem soluções, entrarem na disputa por vaga nas quartas da Liga dos Campeões da Europa. Nesta terça, na Itália, o Napoli vai encarar o Barcelona, e o Chelsea, em Londres, jogará contra o Bayern. Quarta-feira, mais dois embates: Lyon e Juventus, na França, e, na Espanha, Real Madrid e Manchester City. Estes jogos fecharão a primeira rodada das oitavas de final.
As coisas não estão fáceis para napolitanos e catalães: crises internas, mudança de técnico, turbulências, amofinações. O Napoli, nos últimos anos, estabeleceu -se como principal desafiante à hegemonia da Juventus na Série A; foi vice-campeão em quatro dos oito campeonatos seguidos vencidos pelo clube de Turim. Nesta temporada, porém, a agremiação napolitana patina, parece restrita a tentar vaga na Liga Europa, está longe demais dos que realmente disputam o scudetto: Juventus, Lazio e Inter. Os dirigentes do Napoli, expostos ao desarranjo do time, chegaram à esquisita conclusão de que o problema era Ancelotti; trocaram-no por Genaro Gattuso. As coisas desandaram na competição doméstica, mas a equipe, ainda sob Ancelotti, se manteve firme na Liga dos Campeões: conseguiu o segundo lugar em seu grupo, logo atrás do Liverpool, e avançou para as oitavas.
O Barcelona, por sua vez, enroscou- se em outro tipo de crise, desencadeada pela notória insatisfação de Messi com os dirigentes do clube, principalmente com Josep Maria Bartomeu, o presidente. O craque argentino tornou pública sua opinião de que Bartomeu não se esforçou suficientemente para levar Neymar de volta ao Camp Nou. Há poucos dias, o maior artilheiro do Barcelona e da Argentina reafirmou que espera o retorno do brasileiro. Messi completará 33 anos daqui a quatro meses e continuará portador de excepcional talento. Mas, pouco a pouco, escorrega de seu auge.
É este o momento justo para que o Barcelona lhe dê companheiros capazes de dividir tarefas, decidir jogos, ajudá-lo a ganhar títulos. Hoje, no entanto, Messi se vê obrigado, mais do nunca, a levar o time sobre os ombros. A contusão de Suárez agravou as coisas. Por isso a insistência de Messi em cobrar de Bartomeu os esforços necessários para recontratar Neymar. A chegada de Quique Setién ainda não trouxe solução para o principal problema: a defesa. Piquet, cuja extraordinária história no clube dispensa relatos, não pode mais ser titular; Busquets, meio-campista de primeira linha e também histórico nas conquistas catalãs, saiu de sua lentidão natural para uma irremediável morosidade; as laterais arrastam as dificuldades deixadas pela saída de Abidal e, depois, de Daniel Alves. Resulta disto o excesso de gols que o time tem sofrido, mesmo contando com Ter Stegen, ótimo goleiro. Jogador por jogador, o Barcelona é melhor que o Napoli, mas claro está que, outra vez, sua real grande vantagem é Messi.
Chelsea e Bayern, nesta temporada, não causam empolgação. Faz alguns anos que Abramovich deixou de entornar toneladas de euros, libras e dólares em contratações para o clube londrino; os investimentos ainda são altos, milionários, mas muito mais contidos do que naquele período em que a conquista da Europa era objetivo inegociável, premissa de todas os movimentos do Chelsea no mercado. O título, finalmente alcançado em 2012, acalmou o bilionário russo, normalizou suas decisões. Lampard está em casa; conhece como poucos o Chelsea, cuja camisa ele vestiu mais de 420 vezes. Seu elenco, embora desprovido de craques, é bom, mas claramente inferior ao do Bayern.
A equipe da Baviera tropeçou além da conta no primeiro turno do campeonato alemão. Em novembro, o treinador Niko Kovac foi substituído por Hans-Dieter Flick, seu assistente desde o início da temporada e que, de 2006 a 2014, trabalhou com Joachim Loew na seleção alemã. O Bayern voltou à normalidade, desandou a ganhar jogos e, aproveitando-se de alguns tropeços do Leipzig, chegou à liderança do campeonato, seu lugar costumeiro. A disputa está boa, com Leipzig, Dortmund e Moenchengladbach na cola do líder. Em seu grupo na Liga dos Campeões, o gigante alemão venceu as seis partidas que disputou. Se jogar em seu melhor nível, o time de Neuer, Alaba, Kimmich, Thiago, Boateng, Goretzka e Lewandowski passará pelo Chelsea.
Muito maior é a distância entre Juventus e Lyon. O melhor momento do clube francês na principal competição europeia foi na temporada 2009-2010, quando chegou à semifinal, pouco depois daquela extraordinária sequência de sete títulos nacionais seguidos —feito que teve a assinatura de Juninho Pernambucano, que agora é dirigente do clube. Foi ele quem contratou Sylvinho para comandar o time. As coisas não andaram bem, é fato, e, no outubro passado, Rudi Garcia foi convidado para o lugar de Sylvinho. São muitos os brasileiros no elenco: Rafael, Thiago Mendes, Marçal, Jean Lucas e Marcelo. Para chegar às oitavas, o Lyon deixou Zenit e Benfica pelo caminho. Porém o sorteio complicou a situação: Rudi e seus jogadores terão de lidar com Cristiano Ronaldo e companhia. Sarri tem convivido com contestações e críticas, mas a Juventus segue na empreitada pelo nono título seguido na Série A e não deve sofrer para avançar pelo menos às quartas na liga europeia.
O Real Madrid, que tem no armário treze troféus da Liga dos Campeões, não se contenta com coisa alguma que não seja o título. O time começa a se livrar dos efeitos de ter perdido Cristiano Ronaldo. O elenco está entre os melhores do mundo, mas Zidane sabe que há uma transição em curso e que é preciso conduzi-la em meio à permanente exigência por conquistas. Não importa, o Real Madrid tem sempre de estar pronto para a vitória.
Guardiola entende como poucos o que é ser visitante no Bernabéu. Ele esteve lá como jogador e como técnico; ganhou muitas vezes. Ser campeão na liga continental é o que move, hoje, o Manchester City, é o caminho único para ser contado entre os grandes da Europa. O mesmo acontece com o Paris Saint-Germain, e assim foi com o Chelsea. Mas os dias que deveriam ser dedicados exclusivamente aos dois confrontos com o Real, Guardiola teve de atravessá-los falando sobre os desconchavos do clube, a punição imposta pela Uefa, o risco de que jogadores queiram ir embora. Pelo menos, os torcedores ouviram de seu treinador que ele, com ou sem punição, ficará no City, só sairá se for demitido.
A segunda rodada destes confrontos está marcada para os dias 17 e 18 de março. Virá, então, o sorteio para as quartas de final, livre, sem as restrições observadas para as oitavas, quando não se enfrentam clubes de um mesmo país ou que tenham vindo do mesmo grupo.
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