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Marcelo Damato: Pausa no futebol é chance para reforma na gestão dos clubes

Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

18/03/2020 04h00

A discussão sobre a parada do futebol brasileiro colocou mais uma vez em discussão o qual é o peso que se deve dar à atividade econômica e à saúde. A imagem dos jogadores do Grêmio com máscaras é o símbolo dessa discussão.

Mesmo em cada um dos pratos dessa balança, não há uniformidade. No Rio, ao menos uma grande parte dos clubes pequenos, meros figurantes do Estadual, eram contra a paralisação porque os contratos com seus jogadores estão para acabar, e, quando o Carioca for retomado, não terão equipe. Ao mesmo tempo, a diretoria do Flamengo, mesmo com um vice-presidente infectado, era contra a parada para não afetar a entrada de receitas

Do outro lado, Flu, Vasco e Botafogo, já conformados com a situação de coadjuvantes, cederam à pressão dos jogadores. E foram contra. Apesar de inicialmente estar em aparente desvantagem, venceram, pois tinham o apoio da federação.

Mas isso foi na segunda-feira de manhã. Com a notícia do positivo do técnico Jorge Jesus à tarde - e outros casos devem surgir - essa discussão já virou papel velho.

Em São Paulo, o corintiano Luan está com suspeita de estar doente. A notícia vem um dia depois de ele estar em campo contra o Ituano, deixando mais de 50 profissionais dos dois times em estado de alerta. A parada do Paulista veio tarde demais.

A questão é o que fazer agora. Os times vão ficar treinando? Muito improvável, especialmente porque em algum momento terão de parar.

A maioria dos clubes, que já estava mal financeiramente, vai ficar muito pior, porque as despesas vão continuar quase as mesmas e as receitas vão despencar. Pode haver uma encrenca como nunca antes.

E a CBF, o que fará? Essa é a pergunta mais importante, mas, se mantiver sua tradição, será nada. Agora seria a hora de reunir os clubes, discutir políticas comuns e tentar padronizar as gestões, o mais perto possível do nível do Flamengo. O Rubro-Negro deve levar o maior tombo em valores absolutos, por causa do seu tamanho. Mas não só é o que tem mais reservas como pode ser o maior beneficiado, se pensar mais no todo e enxergar os benefícios em longo prazo. Assumindo uma posição de liderança (suave, e não prepotente), pode virar uma espécie de Bayern de Munique nacional.

Os outros clubes, exceto Palmeiras e Grêmio, não estão em condição de recusar ajuda. Pois quem não progredir agora corre o risco de ficar insolvente. Não há horizonte para a volta do futebol em menos de dois meses. E talvez vários mais.

Agora é a hora de renovar a gestão. Outras soluções, que buscam resultados um pouco mágicos, como calendário e mudanças na lei, podem ficar para depois.

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