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Opinião

Alex Brabo, o LeBron James do basquete brasileiro. Dá para comparar?

Aos 44 anos de idade, Alex Garcia - ou Alex, o Brabo - fez sua estreia no NBB 17 pelo Bauru Basket, e foi grande destaque na vitória sobre o Brasília por 93 a 91 diante do torcedor bauruense.

Aplaudido em pé no Ginásio Panela de Pressão, Brabo anotou 24 pontos, agarrou 7 rebotes e distribuiu 7 assistências. Sua capacidade de evoluir é impressionante, Alex pode, sim, ser chamado de Lebron James do NBB.

Eu gosto da comparação! É claro que entendo o peso disso, mas me inspiro bastante no LeBron James. Muitas das coisas que ele faz dentro da quadra eu procuro fazer também. Guardadas as proporções, sei que existem essas semelhanças

O Brabo tem quatro títulos de campeão do NBB: três por Brasília e um por Bauru. LeBron esbanjando a mesma saúde e longevidade também conquistou a NBA por quatro vezes: dois por Miami, um por Cleveland e um pelos Lakers. As semelhanças não param por aí, James foi escolhido para o quinteto ideal do campeonato 13 vezes, em 22 temporadas, já o Alex foi votado em sete oportunidades como melhor ala da competição em 16 temporadas.

É claro que, se ainda estou jogando em alto nível, é porque fui adquirindo esse entendimento com o passar do tempo. Uma parte disso se deve pelas questões físicas. Sempre treinar com intensidade, ter disciplina, descansar e se cuidar fora da quadra. Mas outro ponto importante que me motiva é a paixão pelo basquete.

A intenção obviamente não é equiparar as estrelas, mas sim fazer um paralelo sobre o real impacto de cada um em suas ligas.

Lebron James em ação contra Porto Rico nas Olimpíadas de Paris
Lebron James em ação contra Porto Rico nas Olimpíadas de Paris Imagem: Gregory Shamus/Getty Images

O astro número 23 dos Los Angeles Lakers é o maior pontuador da história da NBA e 4° em assistências, já o 10 de Bauru é o 3° maior pontuador e 3° assistente da liga.

O melhor defensor da história do basquete brasileiro

Conhecidos por serem impactantes dos dois lados da quadra, ambos ostentam recordes defensivos.

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Alex leva a melhor na defesa, tendo vencido o prêmio de melhor defensor do Novo Basquete Brasil por 9 temporadas, enquanto Lebron, apesar de ter sido escolhido para o quinteto ideal de defesa da NBA por seis vezes, nunca venceu o troféu de DPOY (siga para jogador defensivo do ano).

Em compensação, Lebron James venceu como MVP (sigla para jogador mais valioso - 'Most Valuable Player" ) em quatro temporadas contra uma de Alex Garcia.

O apelido cai bem, né? Ele é o King lá nos Estados Unidos, então é bom demais saber que as pessoas brincam e me chamam de King aqui no Brasil também.

No que o NBB é melhor que a NBA

Lebron vem quebrando todos recordes e está em todas as discussões sobre ser o maior jogador da história do basquetebol. Fãs nostálgicos de Michael Jordan ainda torcem o nariz, mas é inevitável dizer que uma comparação entre as duas lendas do Hall da Fama da NBA seja justa.

Na minha visão a escolha entre Lebron James e Michael Jordan é questão de gosto pessoal, mas esse não é o ponto.

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O que me salta aos olhos é quem tem uma homenagem que Alex Garcia já recebeu e que nem Jordan e nem Lebron ainda não receberam: se tornar o logo da liga.

Logo Brabo x Jerry West

Em uma decisão acertada, a Liga Nacional de Basquete, em 2022, prestou uma homenagem a Alex como novo logo do NBB. O tradicional gancho de direita (apesar de ser canhoto) de Alex foi eternizado na silhueta do NBB. O logo anterior, apesar de não confirmado oficialmente pela Liga Nacional de Basquete, fazia alusão ao americano Robert Day, ex -jogador do Uberlândia, recordista de pontuação no Jogo das Estrelas do NBB com 50 pontos.

Nova logo do NBB em homenagem a Alex Garcia
Nova logo do NBB em homenagem a Alex Garcia Imagem: Divulgação

Ninguém pode simbolizar tão bem o basquete brasileiro como Alex Brabo.

Vindo de uma família humilde em Orlândia, no interior de São Paulo, para além do talento, Alex sempre demonstrou garra e vontade de vencer até atingir o ápice como jogador profissional de basquete.

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Além da brilhante carreira no Brasil, jogou a Euroliga pelo Maccabi Tel Aviv, de Israel, na NBA pelo San Antonio Spurs e New Orleans Hornets, além de quatro mundiais e duas olimpíadas pela seleção brasileira.

Na NBA, Jerry West, que vestiu a camisa dos Lakers por 14 temporadas, serviu de inspiração para o logo da NBA criado em 1969. Apesar da liga norte-americana nunca ter confirmado, oficialmente, West como logo, a semelhança é extremamente clara.

Black Lives Matter e Tratado Antirracista

A logo da NBA sofre recorrentes críticas, já que Jerry West foi campeão somente uma vez como jogador, além da escolha homenagear um jogador branco em meio a uma Liga predominantemente negra. Segundo um estudo publicado pelo jornal Pittsburg Post Gazzette, aproximadamente 80% dos jogadores da NBA são negros.

Jogadores esses que são engajados no movimento Black Lives Matter. A NBA via seu Sindicato de Jogadores ser referência de organização na luta contra o racismo.

Kobe Bryant, após sua trágica e prematura morte, chegou a ser cogitado como novo logo mas a campanha acabou perdendo força.

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No Brasil em pesquisa realizada pela Liga Nacional de Basquete mostra que aproximadamente 50% dos seus atletas são negros.

Em 2023, o departamento de ESG da LNB, coordenado por Rafael Garcia, criou o Tratado Antirracista afim de dar suporte e acolhimento a toda qualquer vítima de racismo no NBB, e tornar o combate ao racismo a pricipal bandeira da LNB.

Assinatura do Tratado Antirracista, da LNB
Assinatura do Tratado Antirracista, da LNB Imagem: Divulgação

O Logo Brabo, além de homenagear um dos maiores jogadores da história do basquete brasileiro, ainda reforça o posicionamento da Liga em relação ao protagonismo dos jogadores negros no basquete nacional.

Nesse ponto dá pra afirmar com convicção que o NBB está à frente da NBA.

Gustavinho Lima é "pós" jogador e comentarista do NBB. Defendeu as camisas do Pinheiros, Mogi, Caxias, Fortaleza e Corinthians. É autor do livro - "2000, Todo Poderoso Timão".

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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