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Audiência da NBA está caindo e o motivo não é aquele que você está pensando

Quando falamos de NBA pensamos em um produto construído por muita gente competente durante 77 anos e que sempre pensou fora da caixa. A maior liga de basquete do mundo trabalha com entretenimento e contação de história onde a temática é o basquete.

Durante anos a NBA construiu a sua imagem em volta das grandes estrelas. Não tem uma pessoa atualmente que não sabe quem foi Michael Jordan e qual esporte ele praticou. Esse foi um legado que passou por muitas mãos e que hoje tem Lebron James como o seu maior embaixador. A NBA entendeu o poder que esses jogadores têm e sempre incentivou as franquias a procurarem a nova joia rara que levaria a bandeira do basquete para o mundo todo.

É um projeto muito bem sucedido, vide a quantidade de países que abraçaram a NBA. Hoje temos jogos oficiais da temporada regular em diversas cidades como Londres, Cidade do México e Paris. É um projeto audacioso e que requer muito comprometimento dos times e dos jogadores.

Fato é que nos últimos anos a audiência dos jogos nos EUA está diminuindo. Um fenômeno bem estranho já que aqui no Brasil e no resto do Mundo a quantidade de gente assistindo a NBA só aumenta.

Stephen Curry e LeBron James durante jogo Warriors x Lakers pela NBA
Stephen Curry e LeBron James durante jogo Warriors x Lakers pela NBA Imagem: Andrew Bernstein/Getty

Essa semana saíram alguns números comparando o início desta temporada com a do ano passado e a queda foi expressiva. A primeira rodada da NBA na ESPN teve uma queda de 42%. Os jogos de quinta-feira que passaram na TNT perderam 1,45 milhão de telespectadores. Todos os dados são justificáveis. A rodada de estreia da ESPN do ano passado teve a estreia de Victor Wembayama, o mesmo vale com os jogos da TNT. É cruel querer os mesmos números de audiência.

Não quero aqui ser catastrófica e dizer que a NBA está falindo. Longe disso, é só ver a quantidade de acordos financeiros que a liga fez nesses últimos anos, mas acho que podemos ligar o sinal de alerta.

O Load Management é um fator chave nessa diminuição da audiência. Hoje, alguns jogadores são poupados para não apresentarem nenhuma lesão grave e ficarem fora de toda a temporada. Com 82 jogos, está cada vez mais difícil manter o atleta saudável e isso faz com que muita estrela não jogue ou não viaje. O que fere o princípio principal de toda a NBA: deixar as estrelas no banco.

Philadelphia 76ers sem Embiid e Paul George, Clippers sem Kawhi Leonard e agora Stephen Curry fora por lesão prejudica muito a quantidade de pessoas assistindo aos jogos. Sem eles, fica complicado chamar o público. São muitas questões a serem respondidas: por que eu vou desgastar o meu franchise player no início da temporada? Vale a pena o risco? E se os próprios jogadores se poupam, por que assistir todos os jogos e não só os playoffs?

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Joel Embiid, pivô do Philadelphia 76ers
Joel Embiid, pivô do Philadelphia 76ers Imagem: Jesse D. Garrabrant/NBAE via Getty Images

Mas o que me deixa mais preocupada é a questão de como o jogo mudou nos últimos anos. Esse, para mim, é o principal motivo de toda essa debandada. A NBA foca no jogo ofensivo e promove o maior número de pontos possíveis, seja ele individual ou coletivo. A quantidade de regras criadas para promover um estilo de jogo que deveria atrair mais gente está fazendo o oposto: saturado, o público não consegue mais se entreter com um jogo rápido e sem defesa.

A regra dos 3 segundos do garrafão e a proibição do primeiro contato na defesa estragou o jogo. Quando você pune uma defesa vigorosa e não permite muitos contatos, você tira o princípio mais interessante de um jogo de basquete: a intensidade.

Quando uma liga que é focada nas suas estrelas pune qualquer contato, estende a temporada regular por 82 jogos e não consegue deixar os atletas em quadra, isso interfere automaticamente no público que tem outros esportes sendo jogados com mais intensidade e competitividade.

Está na hora da NBA fazer algumas mudanças.

* Gabi Giovannoni é criadora de conteúdo de basquete, ex- jogadora de vôlei e, agora, colunista de basquete do UOL.

Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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