Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bicampeã mundial paralímpica acusa árbitra de sexismo em prova
Acabo de ler uma notícia sobre o caso da bicampeã mundial paralímpica Olivia Breen. Ela revelou, em um post no Twitter que passou por uma situação desagradável durante o campeonato Inglês de Atletismo, no último fim de semana, em Bedford, a 74 km de Londres. Na publicação, ela declarou que uma árbitra da competição disse que sua sunga era "muito curta e inapropriada".
Sou sempre muito grata aos incríveis voluntários que atuam em eventos esportivos. Eles fazem um trabalho incrível e nos possibilitam competir. No entanto, nesta noite me senti bastante desapontada porque, assim que terminei minha competição de salto em distância no Campeonato Inglês, uma das autoridades achou necessário me informar que minhas sungas eram muito curtas e inadequadas. Fiquei sem palavras. Eu tenho usado o mesmo estilo de sunga por muitos anos e elas são projetadas especificamente para competir. Espero estar usando-as em Tóquio".
É aquela história, quando a gente pensa que já viu de tudo, vem uma questão dessas. Breen disse que "as mulheres não devem se sentir constrangidas sobre o que vestem quando competem, mas devem se sentir confortáveis e à vontade". Em entrevista para o The Guardian, ela também argumentou que um atleta do sexo masculino jamais teria sido submetido a tais comentários.
A jovem de 24 anos, que ganhou a medalha de ouro no campeonato mundial na classe T35-38 4x100m em 2015 e novamente em 2017 no salto em distância T38, confirmou ao jornal inglês que pretende fazer uma reclamação formal ao atletismo do Reino Unido. Ela afirmou ainda que seu caso não é o único e que uma amiga informou sobre problema parecido à Federação Inglesa de Atletismo, mas ainda está sem resposta.
Comentei sobre o assunto com minha amiga Adria Santos, a maior mulher medalhista paralímpica do Brasil e ela também achou um absurdo. Adria relatou para mim que quando as meninas do atletismo brasileiro começaram a usar sungas, a peça não era novidade para as atletas da Europa.
"Eu fui a primeira a usar sunga aqui no Brasil. Em Sidney, a gente já competiu com sunga. Elas são muito confortáveis para correr. A gente fica livre para se movimentar. Se estamos nos sentindo bem, nenhum organizador ou arbitragem tem que interferir em roupa de atleta. Eles têm que se preocupar com as regras da competição, agora com tamanho de roupa ou não. Nunca ouvi dizer isso", afirmou Adria.
Dei uma olhada no tamanho da sunga da Breen e acho que competi com uma menor em Atenas. Definitivamente, temos que parar de discriminar mulheres. As atletas já enfrentam uma gama de situações de desigualdade: ganham menos do que os homens, têm salários reduzidos quando engravidam e têm estrutura piores do que as dadas aos homens.
Olívia está supercerta de falar sobre o assunto. Não é algo bobo ou rotineiro, como algumas pessoas pensam. É discriminação, preconceito, sexismo mesmo... As atletas precisam mesmo utilizar seu poder de fala para dar visibilidade às situações como essa a exemplo do que ocorreu em 2019, com a seleção feminina de futebol dos EUA. Elas entraram na justiça para reivindicar igualdade de salários e condições iguais as da seleção masculina.
São anos e mais anos das mulheres pela luta de direitos. Mas às vezes parece que estamos regredindo.
Excelente fim de terça-feira e abraços aquáticos a todos!
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