Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
No verão, mergulho em água rasa é o 2ª maior causador de deficiências
Hoje estou aqui para fazer um alerta sobre um problema que muitas pessoas não têm conhecimento. Tenho vários amigos que mergulharam sem conhecer local e acabaram ficando paraplégicos ou tetraplégicos por causa de acidentes em rios, cachoeiras, lagos e piscinas. Você sabia que, no verão, o mergulho em água rasa é a 2ª maior causa de deficiências?
Segundo o Ministério da Saúde, o mergulho em águas rasas está atrás apenas dos acidentes de trânsito. Fora da estação quente, tais acidentes ocupam a quarta posição. O problema é sério. Todo o cuidado é pouco.
De acordo com a SBC (Sociedade Brasileira de Coluna), a maior parte das vítimas deste tipo de acidente é jovem: 90% têm faixa etária de 10 a 25 anos. A consequência mais recorrente é a tetraplegia, em que os pacientes perdem os movimentos do pescoço para baixo. E o trauma da lesão medular por acidente de mergulho pode vir ainda acompanhado por um traumatismo craniano.
Diferentemente de outras deficiências, a prevenção do mergulho mal calculado pode evitar 100% dos casos de deficiência física. Veja as consequências que o mergulho em águas rasas pode causar:
- Paralisia de pernas e braços
- Danos para coluna vertebral
- Lesões como fratura e luxação
- Problemas neurológicos
- Trauma de crânio
- Fratura nas mãos, pés
Incidência no Rugby em Cadeira de Rodas
Muitos atletas que fazem Rugby em Cadeira de Rodas, por exemplo, passaram pela experiência de mergulho em água rasa. Estudo publicado na Revista Brasileira de Educação Física em 2018 revelou que entre 72 atletas da modalidade, 45,8% adquiriram sua deficiência mergulhando em água rasa. A segunda causa da deficiência é o acidente automobilístico, com 27,8% dos atletas. Essa pesquisa foi realizada em oito equipes brasileiras de Rugby em Cadeira de Rodas.
O que parece uma realidade distante, na verdade está ao nosso lado. Nesse caso a prevenção é o melhor caminho para evitar um acidente ao mergulhar. Eu sei que é verão, mas toda a informação é válida neste caso, já que os números não são nada bons.
A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia alerta para os cuidados que devem ser tomados.
- Não mergulhe em águas turvas ou desconhecidas;
- Não mergulhe após ingerir bebida alcoólica ou outras substâncias que atrapalhem os reflexos;
- Evite empurrar os amigos para dentro da água;
- E cuidado ao tentar ajudar uma pessoa que sofreu este tipo de lesão: mexer a cabeça poderá piorar a lesão. O mais importante é imobilizar e chamar ajuda médica para adequada avaliação.
Deve-se ter muito cuidado ao querer ajudar neste momento, pois uma manipulação realizada de forma incorreta pode piorar a lesão. A vítima deve ser salva e levada para fora da água para prevenir o afogamento e aguardar a chegada da equipe médica especializada no atendimento de emergências.
Peça ajuda se presenciar um evento semelhante. No hospital, os médicos especializados irão avaliar e recomendar o melhor tratamento. Em casos leves, colares podem ser indicados e em situações mais graves a cirurgia pode ser a única solução. Cuidado e previna-se: a lesão na medula afeta os movimentos e a sensibilidade dos membros, podendo ter um final drástico.
Aproveite o verão com todos os cuidados. Vale alertar também que estamos no meio de uma pandemia em que enfermarias e UTIs estão lotadas. Prevenir é sempre o melhor caminho.
Abraços aquáticos para todos e excelente sexta-feira!
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