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Craque Daniel

O Flamengo e a Libertadores no SBTverso

O Flamengo treinou orações durante a semana, mas não surtiram efeito contra o Racing - Antonio Lacerda/Pool/AFP
O Flamengo treinou orações durante a semana, mas não surtiram efeito contra o Racing Imagem: Antonio Lacerda/Pool/AFP

07/12/2020 10h18

Na última semana tivemos mais uma promessa de aventura que é a Libertadores no SBT, dessa vez com alguns times, como Athletico e Flamengo, se despedindo de forma melancólica nesse novo normal, que é dando lugar ao Programa do Ratinho na programação.

Um programa que fica constantemente sendo ameaçado de ser exibido durante as transmissões, deixando os torcedores num estado de pânico ainda maior do que numa partida decisiva normal. Mais do que nunca, isso é Libertadores!

Entretanto, todo o universo que se abriu com a competição sendo adquirida pelo canal do Silvio ainda não foi totalmente explorado. Sinto falta da risada do Carlos Alberto de Nóbrega durante as partidas, especialmente quando alguém fala alguma coisa que não é engraçada ou mesmo diante de um lance inusitado do jogo. Imagina o atleta Willian Arão perdendo o pênalti contra o Racing daquele jeito ao som das gargalhadas do Carlos Alberto? A audiência ia estourar.

Inclusive, durante a eliminação do Flamengo foi uma pena ver a presença de Celso Portiolli tão mal aproveitada, sem arremessar tortas na cara de ninguém, nem mesmo após um comentário tático do Jorginho. E vale lembrar que o SBT tem seu próprio Roger, o Roger Moreira, que poderia muito bem destilar suas visões políticas no intervalo para em seguida ser compreendido de forma sexualmente constrangedora pela Velha Surda da Praça.

Enfim, são muitos caminhos ainda inexplorados, só realmente não concordo com o slogan "SBT, a TV que tem torcida", já que todo mundo sabe que a TV que tem torcida é a Record, torcida essa composta pelo Presidente Bolsonaro e por aquele rapaz tatuado com logomarcas da Record por todo o corpo.

O lado bom da ruína completa, humilhante e absoluta

Por falar em Flamengo, foi triste ver a equipe não saber jogar com o regulamento embaixo do braço na terça. Primeiro provavelmente porque os atletas não treinam durante a semana com um regulamento embaixo do braço, por ser pouco prático, e segundo porque o 0x0 classificava o clube, enquanto que o 1x1 levava para os pênaltis, ou seja: nesse caso o regulamento prevê que marcar gol faz a equipe perder a vantagem do empate. Dito e feito: 1x1 e pênaltis, um péssimo caminho para o Rubro-negro, como eu já havia alertado aqui semana retrasada.

Mas toda derrota tem um lado bom, por mais prejuízo financeiro e destruição psicológica irreversível que ela traga. Ficar fora da Copa do Brasil, por exemplo, já havia deixado o time com mais tempo para treinar e amargurar o próprio fracasso, e essa eliminação na Libertadores proporciona mais tempo ainda. Agora quanto antes o clube deixar a disputa do Brasileiro para focar 100% nos treinamentos e chegar na Florida Cup e Taça Guanabara no ano que vem como o grupo mais bem treinado do Brasil, melhor. Mas para isso há de se evitar vitórias bobas como a contra o Botafogo no fim de semana.

Outro aspecto extremamente positivo contra o Racing é que foi de certa forma bonito ver o Arão cobrando o pênalti chutando uma bola como se fosse a primeira vez na vida, demonstrando preservação da criança interior, coisa tão rara hoje em dia. Sem falar que o promissor Rogério Ceni é um treinador que está apenas começando, tem muitas eliminações pela frente ainda.

Rogério Ceni à frente do Flamengo contra o Racing, pela Libertadores - EFE/Bruna Prado POOL - EFE/Bruna Prado POOL
Rogério Ceni: Já é hora de planejar a próxima eliminação
Imagem: EFE/Bruna Prado POOL

Ceni que assim que chegou ao clube, prontamente identificou o problema do time: "psicológico" - que é como o mecânico, quando não faz a menor ideia do que está acontecendo com o carro, diagnostica como "mau contato". Seria mais apropriado, inclusive, Ceni dizer que o Flamengo está com mau contato. O "distribuidor de coletes" Jorge Jesus pelo menos não dava colete para Vitinho.

Desde que Jesus saiu para ser eliminado em competições com mais visibilidade, vamos lembrar que o Rubro-negro ainda passou pela contratação de Domenéc Torrent, que mesmo antes de vir ao Brasil já impressionava, com a imprensa alardeando que o catalão "já estava dando telefonemas" - percebam o profissionalismo desse profissional! Dando telefonemas!

Agora falando sério

A crise na Gávea deve se intensificar, inclusive trazendo uma cobrança mais pesada em relação à questão das famílias dos meninos do Ninho, o que já seria antes tarde do que nunca. Impressionante como em casos como esse ninguém picha "diretoria mercenária" no muro do clube ou taca moeda em dirigente no aeroporto. Esses também são momentos em que o torcedor se faz necessário, e um certo grau de grosseria é muito bem-vindo.

Essa coluna não reflete nem minhas próprias opiniões. Escrevo enquanto discordo veementemente de minhas próprias palavras.

Craque Daniel é apresentador do Falha de Cobertura, (supostamente) ex-jogador, empresário de atletas e inocentado de todas as acusações feitas contra ele.

(Personagem interpretado por Daniel Furlan, um dos criadores da TV Quase, que exibe na internet o Falha de Cobertura e Choque de Cultura.)