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Danilo Lavieri

Palmeiras fez "negócio do Qatar" com Dudu: empréstimo gira mais de R$ 60 mi

Dudu em ação pelo Palmeiras durante jogo contra a Ferroviária - Bruno Ulivieri/AGIF
Dudu em ação pelo Palmeiras durante jogo contra a Ferroviária Imagem: Bruno Ulivieri/AGIF

Colunista do UOL

20/07/2020 10h05

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A expressão "negócio da China" pode ser adaptada para "negócio do Qatar" com a saída de Dudu para o Al-Duhail. Novela à parte, o Palmeiras oficializou hoje (20) a saída do camisa 7 em negócio que envolve mais de R$ 60 milhões entre o que entra no caixa e o que deixa de sair. A perda de um ídolo não tem preço, mas dadas as condições que foram impostas, a transação traz ótimo custo-benefício.

Durante a negociação, quando sentou à mesa com Maurício Galiotte, o camisa 7 foi direto e reto: "Dessa vez, não é questão de negociação. Eu quero sair". Foi mais ou menos assim, segundo pessoas ligadas ao clube e ao jogador ouvidas pelo blog, que o atacante deixou claro para o presidente que o que estava em jogo nesta vez não era só a aumentar o salário ou melhorar as condições de contrato como aconteceu nos últimos anos, quando times chineses se interessaram pelo "Baixinho". Agora, ele estava decidido a sair.

A acusação de suposta agressão à mulher foi a gota d'água para o atleta, que já tinha pensado em deixar o Brasil outras vezes. Jurando inocência, ele viu a saída para outro país como a alternativa perfeita para respirar ares mais tranquilos. A Justiça ainda investiga o caso e dirá se ele tem culpa ou não, mas, à distância, ele espera ter "mais cabeça" para jogar bola, sem nem contar o salário oferecido, que é o dobro do que ele ganhava no Palmeiras.

E não é só ele que vai se dar bem financeiramente. Em meio a uma pandemia em que algumas receitas simplesmente desaparecerem, como é o caso de bilheteria e sócio-torcedor, o Palmeiras viu a chance de aliviar o caixa. Com o negócio, tem a garantia de receber 7 milhões de euros, o que significa mais de R$ 43 milhões, pelo empréstimo de um ano. A operação ainda pode ser acrescida de mais 1 milhão de euros em caso de metas batidas, totalizando quase R$ 50 milhões.

Além disso, o Alviverde vai economizar por um ano o maior salário do elenco. São quase R$ 20 milhões entre o que é registrado na carteira, impostos, direitos de imagem e metas estabelecidas em contrato. Dudu ainda abriu mão de uma parcela de direitos de imagem que estava atrasada, o que coloca pouco menos de R$ 1 milhão na conta.

No fim do ano de empréstimo, se o Al-Duhail quiser ficar de vez com Dudu, pagará mais 6 milhões de euros para ter 80% dos direitos econômicos do jogador. Em uma eventual venda futura, o Palmeiras ainda terá mais 20% para tentar lucrar em cima. Se o atacante não se adaptar, poderá voltar ao time de Palestra Itália aos 29 anos, certamente ainda com tratamento de ídolo, para continuar a escrever a sua história, que já é cheia de recordes, títulos e prêmios individuais.

É importante destacar que, por se tratar de uma operação de empréstimo, o Palmeiras não precisa repassar nada à Crefisa, que investiu R$ 13 milhões para comprar 50% dos direitos econômicos do jogador. Há quem ache isso bom, mas há quem aponte para problemas com juros em correção em cima desse montante.

É claro que Dudu vai deixar um buraco no aspecto técnico e, principalmente, no aspecto emocional do torcedor. É difícil imaginar um jogador que consiga identificação tão grande com o clube e consiga títulos importantes e premiações individuais. Mas não valia o risco manter o principal salário do elenco "fazendo bico" por não ter ido.