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Danilo Lavieri

Gustavo Gómez se queima no Palmeiras com negociação; entenda o motivo

Gustavo Gómez, zagueiro do Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Gustavo Gómez, zagueiro do Palmeiras Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Colunista do UOL

28/07/2020 15h51

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A negociação entre Palmeiras e Gustavo Gómez foi extremamente desgastante para todos os lados. Até a assinatura realizada hoje (28), por volta das 15h, o jogador e seus representantes tentaram mudar o que já havia sido acordado algumas vezes. O atleta chegou até a correr o risco de não poder treinar com os demais nesta tarde.

O zagueiro deixa a novela com sua imagem bastante arranhada com a diretoria, que tem a preocupação de que isso não abale também o respeito do paraguaio perante seus companheiros, a comissão e os torcedores. Há quem use o termo extorsão para definir a postura do atleta e de seus representantes.

Como o contrato entre o atleta e o clube foi feito no modelo de empréstimos sucessivos seguido de compra, o jogador aproveitou as duas últimas janelas para incluir no vínculo acréscimos de salário e pagamento de comissão. Gustavo sempre conseguiu, mas, desta vez, a avaliação da diretoria é que ele estava exagerando.

Zagueiro quis mudar cláusula hoje de manhã

A novela ficou bem próxima de se encerrar ontem à noite, quando Gustavo aceitou o que foi proposto pela diretoria. Ele, inclusive, havia tirado seu novo visto de trabalho, que vai até 2021, horas antes desse acordo verbal. Foi por isso que o clube enviou os documentos hoje para a CBF para agilizar uma regularização e a consequente inscrição do atleta no mata-mata do Paulistão.

A questão é que, ainda hoje pela manhã, o atleta entrou em contato com quem conduzia a negociação para tentar se livrar de uma parcela de 300 mil euros que precisaria repassar a André Cury.

Isso significa quase R$ 2 milhões na cotação atual e representa uma comissão pela intermediação do negócio que foi diluído no pagamento de seus direitos de imagem. Apesar de ter assinado esse acordo em 2018, quando Alexandre Mattos era o diretor de futebol, o atleta quis mudar o combinado e pediu para o Alviverde arcar com esse total.

O Palmeiras não topou arcar com isso e, para evitar que uma novela fosse reiniciada, condicionou a devolução desse valor caso o atleta seja contratado por um valor superior a 6 milhões de euros no futuro.

Gustavo Gómez, zagueiro do Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Valorização cambial

Gustavo ainda se apoiava em uma cláusula contratual que previa uma renegociação salarial caso houvesse uma valorização substancial do euro. O zagueiro, então, pediu que o câmbio para seus vencimentos passasse a ser o de R$ 6 para cada euro.

O detalhe é que essa cláusula levava em conta o que advogados costumam chamar de boa-fé, ou seja, levando sempre em consideração o contexto atual. Com a pandemia e a crise econômica que atingiu todos os clubes do país, o Alviverde alegou que não poderia arcar com toda essa valorização.

Depois de muita negociação, o paraguaio topou que seu salário levasse em conta o câmbio de R$ 5,3. Com um detalhe: o Alviverde não confia mais na boa-fé do atleta e de seus representantes e deixou expresso em contrato uma renegociação com gatilhos. Se o euro atingir a marca de R$ 6,9, o atleta terá aumento. Se a moeda europeia cair para R$ 5,1, os vencimentos serão reduzidos.

Antes disso, Anderson Barros e os representantes do atleta já haviam sentado diversas vezes para tentar negociar, o que desgastou bastante o diretor de futebol. Sem um acordo e com a janela de inscrição no Paulista chegando cada vez mais perto do final, toda a negociação foi repassada para o departamento jurídico. Pelo lado do atleta, o advogado que estava tocando as conversas também ficou em segundo plano.

Os empresários do jogador, que desde o começo da negociação afirmaram que apresentariam uma excelente proposta salarial de um time da Rússia, nunca cumpriram com o prometido.

Departamento jurídico acionado

Os advogados palmeirenses precisaram notificar o atleta de forma extrajudicial com base no contrato de trabalho assinado por ele até 2024. Com esse instrumento, inclusive, o clube se mantinha tranquilo em relação à obrigatoriedade em cumprir um contrato.

A base de comparação era o exemplo de Rony, que não cumpriu com o que assinou e acabou suspenso por 4 meses. O Athletico-PR entrou como parte envolvida e também precisou arcar com uma multa de quase R$ 6 milhões e duas janelas sem registrar um novo atleta.

Ao estudar o caso, o Palmeiras ainda entendeu que a renegociação de luvas feitas com a anuência de Gustavo Gómez poderia ser usada como argumento em uma futura briga judicial e, por isso, quitou tudo o que estava em aberto com o paraguaio antes do previsto, o que tirou praticamente todos as armas do atleta caso ele optasse pela saída por vias judiciais.

Ontem, o jurídico ainda preparou mais uma notificação, desta vez ainda mais forte, entendendo que a ausência do atleta na fase final do Paulista era extremamente prejudicial ao clube e caracterizava em quebra de contrato. Esse documento, no entanto, não precisou ser oficializado.