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Danilo Lavieri

Corinthians, Palmeiras e FPF: todos usaram brechas no protocolo de Covid

Everaldo tenta passar pela marcação de Diogo Barbosa, durante a partida entre Corinthians e Palmeiras - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Everaldo tenta passar pela marcação de Diogo Barbosa, durante a partida entre Corinthians e Palmeiras Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Colunista do UOL

04/08/2020 11h58

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O episódio envolvendo Corinthians, Palmeiras e os testes de Covid-19 só foram possíveis por brechas no protocolo elaborado pela Federação Paulista de Futebol em conjunto com os clubes. E todos os envolvidos sabem disso.

A começar pelo Alviverde. O protocolo pede que todas as equipes que estivessem na disputa do Estadual precisariam ficar concentrados em único local até o término de sua participação, fosse ela pelo título ou pela eliminação.

Uma parte do protocolo é clara ao dizer que "após o início do confinamento, as delegações só poderão sair dos alojamentos para os locais das partidas ou quando deixarem a competição eliminadas ou campeã".

O time de Maurício Galiotte optou por liberar seus atletas dessa obrigação e, como defesa, diz que testa, com frequências, todos os seus atletas, membros da comissão e funcionários que trabalham na Academia de Futebol.

Na ótica da diretoria palmeirense, essa testagem é a forma mais segura de garantir a segurança de todos, uma vez que não há condições estruturais de confinar não só seu elenco, mas também todos funcionários do CT.

É importante, no entanto, ressaltar que a liberação não está prevista no documento da FPF. Ao saber disso, o Corinthians se aproveitou de mais uma brecha do protocolo. O texto diz que "os times serão previamente testados", mas não especifica qual a frequência necessária desses testes.

Por isso, ao ser questionado por Galiotte na reunião de segunda-feira (3) sobre quando seriam feitos os testes nos corintianos, Andrés respondeu que não faria os exames antes do jogo de amanhã (5). O presidente corintiano afirmou que seguiria o protocolo estabelecido internamente e que o próximo teste seria feito na quinta-feira.

O Corinthians alega que não precisa fazer os testes porque confina seus atletas, mas ignora recomendações científicas que mostram que o isolamento não garante isso. Além disso, seria preciso que todos os funcionários que têm contato com os atletas também ficassem isolados, e isso inclui faxineiros, porteiros, cozinheiros...

Por fim, a Federação Paulista alega internamente que os principais responsáveis para garantir que o protocolo seja cumprido são os próprios clubes e diz que o documento foi elaborado em conjunto com todos os departamentos médicos de cada participante.

E aí vem o ponto-chave que permite que tanto Corinthians quanto Palmeiras tomassem essa atitude: não há nenhum tipo de punição prevista no protocolo contra os times que não cumprissem isso, assim como não há ninguém designado para fiscalizar se as equipes estão seguindo à risca as recomendações.

Ontem, após toda a confusão, a Federação divulgou um comunicado onde disse que nenhum dos clubes estava errado e que o jogo seria disputado normalmente.

Tudo isso não é o que foi prometido também pelo Governo Estadual de São Paulo. Em texto publicado no seu site no dia 8 de julho, às 13h41, o Estado disse que "na retomada das partidas, o Centro de Contingência do coronavírus exigiu a testagem de todas as pessoas envolvidas em cada partida".

O protocolo da FPF ainda é diferente dos que foram elaborados, por exemplo, para as retomadas do Carioca, do Brasileiro e da Libertadores, como mostrou o jornalista Rodrigo Mattos em seu blog no UOL.