Inter não pode achar normal perder Coudet para 17º colocado da Espanha
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A possível saída de Eduardo Coudet para o Celta, da Espanha, não deveria ser encarada como algo normal pelo Internacional. O argentino está disposto a assumir o 17º colocado do Espanhol e deixar de lado um time em que ele é líder do Brasileirão, está nas quartas de final da Copa do Brasil e nas oitavas de final da Libertadores. Por quê?
Para contextualizar, é importante lembrar que o próprio comandante recusou um convite do time gaúcho para deixar o Racing no meio da temporada passada porque ele acredita que todo o projeto tem início, meio e fim. Não à toa, fez o Colorado esperar pelo término do ano para contar com ele.
O que fez Coudet repensar esse princípio menos de um ano depois? Como mostrou o UOL Esporte hoje, há uma rusga entre treinador e direção por conta da falta de reforços. Em meio à pandemia, o time de Porto Alegre não quer exagerar nos gastos, mas também não gosta de ver o técnico falando disso publicamente em suas coletivas.
A partir daí, qualquer resultado negativo acirra os ânimos, como foi no empate com o Coritiba no fim de semana. Ao mesmo tempo, é notório que o comandante faz um excelente trabalho, porque a equipe do Beira-Rio não tem o mesmo elenco de Flamengo e muito menos o mesmo poder de investimento do Atlético-MG. E ainda assim terminou o primeiro turno como líder.
Mas o que faz Coudet pensar que terá melhores condições de trabalho em um time que luta para não cair na Espanha? A busca dos europeus por técnicos que estão no Brasil, como foi o caso de Jorge Jesus, mostra que o país está começando a escolher melhor seus treinadores, mas a facilidade com que eles saem daqui para times de menor expressão também é um sinal que os brasileiros precisam repensar no projeto oferecido.
E isso inclui um pouco de tudo da nossa cultura do futebol. Gramados ruins, como o de São Januário, calendário elaborado pela CBF que prejudica os próprios clubes e não para na Data Fifa, ameaças e violência contra jogadores e dirigentes em times que estão em má fase e, claro, a ciranda de técnicos que já virou quase uma tradição no Brasileirão.
Miguel Ángel Ramírez, por exemplo, é considerado um dos técnicos mais promissores entre os times da América do Sul. O próprio disse em entrevista à ESPN que tem bastante receio do jeito que os técnicos brasileiros são tratados por aqui. Não à toa, ele já foi sondado por mais de um clube brasileiro, mas não se seduziu a ponto de jogar tudo para o alto e aceitar alguma proposta. O mais perto que chegou foi ao dizer sim para o Palmeiras com a condição de assumir só em janeiro.
Recentemente, Pep Guardiola deu entrevista na Inglaterra e disse que mantém contato com Dome, do Flamengo, que é seu ex-auxiliar. O técnico do City disse que não consegue ver tantos jogos, mas que não sabe que o calendário brasileiro não permite muitos treinos para melhorar as equipes.
O Inter deveria pensar nisso. Ao mesmo tempo em que se vê em rota de colisão com o técnico e não abre mão da multa de R$ 14 milhões, a equipe terá dificuldade para encontrar um técnico que vai manter o padrão de jogo. Se quiser buscar algum nome entre os melhores do mercado, também vai enfrentar resistência pelas questões do futebol brasileiro. Será que não era mais fácil acalmar os ânimos e seguir com Coudet?
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