Alex analisa final brasileira e trabalho de Abel no Palmeiras: "mudou tudo"
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Campeão da Libertadores em 1999, Alex fez uma análise da final da competição deste sábado (30) entre Palmeiras e Santos ao blog. O ex-meia e agora candidato a treinador afirmou que sua principal curiosidade para a partida do Maracanã é quem terá o maior número de atletas em alto nível.
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Sem arriscar palpite, ele afirma que os dois times têm como característica muita intensidade no jogo, comentou as principais diferenças entre eles e destacou as mudanças do Alviverde com a troca de comando de Vanderlei Luxemburgo para Abel Ferreira.
Embaixador da Betfair.net, que intermediou a entrevista, o jogador também disse como Cuca pode aproveitar o fato de conhecer de perto o grupo do Palmeiras para passar dicas para os atletas do Santos.
Confira a entrevista completa abaixo:
Danilo Lavieri - O que pode fazer a diferença para a final deste sábado? E qual o seu palpite?
Alex: Palpite eu vou ficar te devendo, não tenho mesmo. E com um jogo tão equilibrado assim fica pior ainda dar palpite. A minha curiosidade é saber quem vai jogar no seu melhor nível, porque eu acredito que o clube que tiver os seus jogadores no melhor nível, um número maior de jogadores que ganhem os duelos, vai fazer o título vir a seu favor. O Palmeiras contra o River é uma demonstração disso. Os jogadores jogaram em um bom nível na Argentina e mereceram vencer. Vários jogadores jogaram abaixo do que podiam em São Paulo e o River dominou a partida. Normalmente isso acontece nos jogos. Os caras que estão em nível natural e outros que jogam menos criam um desequilíbrio no jogo. Quem tiver o ganho maior dos duelos e individualmente estiver em um bom momento para executar a estratégia montada pelos técnicos vai levar vantagem na decisão.
O Santos tem por característica muita intensidade no início de cada tempo. É essa a principal arma do time?
Alex: Muita coisa se define muita coisa no início do jogo, mas o Palmeiras com Abel também consegue ser intenso. Analisando os jogos de Santos x Boca e River x Palmeiras, a diferença é que o Santos entrou e terminou com a mesma intensidade e o Palmeiras passeou. Na Argentina, o time equilibrou e teve intensidade depois do gol do Rony e no jogo de São Paulo sofreu muito, o River foi dono da partida. É isso que vai definir. Mas a gente já viu várias situações onde o jogo se define em um descuido e aí pode ser inicial, no meio ou no final do jogo. A própria última Libertadores tinha o River como campeão até os 90 e aos 94 o Flamengo era campeão. Para mim, passa muito mais pelo momento dos jogadores no jogo e isso significa técnica, física e mentalmente. O direito de erro é bem menor e os jogadores sabem disso.
O que o Abel fez de diferente em relação ao trabalho do Luxa. Ambiente? Tática?
Alex: Mudou tudo, é outra pessoa, outra educação, outra maneira de ver o mundo, outra maneira de comunicar, de treinar, de pedir, outra demanda. Não estamos falando só em Luxemburgo e Abel. Mas temos a comissão técnica do Luxa e a comissão técnica que chegou com Abel. Isso tudo muda. E no meio disso tem um grupo de jogadores que tem uma assimilação em cima de um pedido e agora muda de acordo com os pedidos diferentes. E aí quando você muda o comando, as mudanças são normais. Não dá para saber se vai ser melhor ou pior, mas vai ser diferente. A diferença é geral por isso. Um treinador tem 70 anos, outro tem 42. Um tem o método do Brasil e outro trouxe o método da Europa. A gente poderia ficar falando de diferenças mesmo sem conhecê-los. Um é do subúrbio carioca e conhece o Brasil e o outro é da Europa e veio da Grécia. Só isso já é muita diferença.
Como o Cuca pode aproveitar o fato de ter trabalho no Palmeiras há pouco tempo?
Alex: Ele pode dar dica de como mexer com Marcos Rocha, por exemplo, que conhece desde o Atlético-MG. Mas é muito mais a questão mental, do jogo em si. A parte tática todo mundo estuda, o Abel estuda o Santos, o Santos estuda o Palmeiras. O Cuca ter trabalhado no Palmeiras faz ele conseguir mudar mais coisas pessoais. Ele sabe como tirar os atletas do confronto, por conta do dia a dia. Mas no conceito geral, os estudos de Palmeiras e Santos são muito profundos.
Muito se fala nos destaques de Marinho e Soteldo para o Santos. É com eles que o Palmeiras deve se preocupar?
Alex: São as referências de frente. Um joga aberto na direita e o outro na esquerda, mas tem outros 8 jogadores, tem o goleiro muito bem. O Santos tem um time muito forte e bom. A imprensa e o povão vão muito em um ou outro destaque, mas isso fica para nós aqui de fora. O Abel está estudando tudo. Como o time sai de trás, como constrói o jogo, como se recupera quando perde a bola, qual o padrão da marcação. Não vai ficar só no Marinho e no Soteldo. O Abel já mostrou o planejamento e as ideais, muito parecido com o que o Cuca faz também. Agora, passa pelos jogadores executar essas estratégias. Tem que ver como eles vão estar no jogo. A hora que começar a partida e como ele vai dominar a bola, se vai estar confiante, se vai estar com a cabeça tranquila. O treinador domina algumas coisas só até a partida iniciar e depois tudo passa pelos jogadores.
Scarpa e Zé Rafael disseram que com Abel eles sabem o que cada um precisa fazer em campo. Os atletas de hoje têm mais necessidade de orientação no aspecto tático do que tinham na sua época?
Alex: Isso precisa ser olhado de maneira individual. No meu período, tinham os jogadores anárquicos, o treinador pedia para ele fazer A e ele fazia Z, comprava a briga e a coisa funcionava. Tem uma final de Libertadores, o mundo sabia que o Nelinho batia a falta, o Joãozinho bateu na frente e ele mesmo bateu desesperado porque se a bola não entra iam matar ele. Existia no Brasil uma onda de maior anarquia. O Djalminha sempre brinca que do meio para frente era uma bagunça organizada no futebol brasileiro. Alguém comprava briga e barulho e fazia o que queria. Eu joguei em outro momento e sempre soube o que tinha que fazer. Então não sei como era antes com Scarpa e Zé, mas não dá para falar de maneira geral. Não me sinto confortável para falar.
O Santos teve uma trajetória mais difícil que a do Palmeiras. Isso pode deixar o Santos mais confiante para a final ou o fato de o Palmeiras ter eliminado o River já é equivalente?
Alex: Não tem equivalência, cada equipe constrói a sua história. Em 1999, a gente cria uma casca contra o Vasco porque empatou o primeiro jogo em São Paulo e o mundo dava o Vasco como favorito porque eles tinham invencibilidade grande no Rio. E a gente ganhou de 4 a 2 e um olhava para o outro e via que a gente venceu uma equipe forte. O Santos construiu uma história dele, chega na final com méritos, mas o Palmeiras também. Não tem tanta batalha e luta quanto o Santos, mas chegou. Eu acho que o Palmeiras não vai fazer uma partida tão ruim em um curto período como fez contra o River. É uma partida que está em aberto, os dois vão trabalhar em cima disso da temporada e é muito equilibrado.
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