São Paulo atrasa pagamento de acordo coletivo de dívida com o elenco

*Com Bruno Andrade, do UOL, em Lisboa, e Pedro Lopes, do UOL, em São Paulo

O São Paulo atrasou o início do pagamento do acordo coletivo que firmou com todo o elenco no ano passado. O UOL Esporte apurou que os jogadores não receberam a primeira parcela da dívida, que estava contratualmente estabelecida para o dia 10 de março. Já se passaram 15 dias do prazo.

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Ainda na gestão do ex-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o Tricolor conseguiu acertar, entre outros pontos, o parcelamento em 12 vezes de 50% dos direitos de imagem de julho a dezembro dos atletas. O clube divide a imagem entre pagamentos mensais fixos e pagamentos chamados de "valorização da imagem", geralmente trimestrais, onde está a maior parte dos vencimentos dos jogadores - é neste valor que houve a divisão.

"Todos e quaisquer valores devidos para a CONTRATADA pela imediata valorização da IMAGEM do ATLETA, com competência entre 01.07.2020 e 31.12.2020, mas em periodicidade diferente da mensal, serão pagos da seguinte maneira: (i) 50% (cinquenta por cento) na forma originalmente contratada e sem alterações, e (ii) os 50% (cinquenta por cento) remanescentes serão diferidos, acumulados sem descontos e pagos em 12 (doze) parcelas iguais, mensais e consecutivas, a partir de 10 de março de 2021, devendo a CONTRATADA emitir a respectiva documentação fiscal para atender exatamente a este fim e a estes pagamentos", explicava o documento obtido pela reportagem.

Não bastasse a obrigação de resolver o problema da administração anterior, o novo presidente Julio Casares, que assumiu o cargo em 2021, já tem uma nova pendência com o grupo: não pagou os direitos de imagem de fevereiro - janeiro, sim, foi quitado - e também alguns prêmios individuais.

O São Paulo foi consultado pela reportagem, mas preferiu não se pronunciar oficialmente sobre o tema. Pessoas que vivem o dia a dia do futebol no clube tratam o episódio como "uma reprogramação de pagamento" por conta da pandemia e que o assunto é tratado com transparência com os atletas.

Apesar de estar paralisado por restrições aplicadas pelo Governo desde o último dia 14, o Campeonato Paulista não modificou nada nos prazos e nem nos valores que são repassados aos clubes.

Enquanto não cumpre os acordos do passado e, para piorar, vê aumentar as dívidas atuais que estavam em R$ 575 milhões em dezembro de 2020, o Tricolor segue reforçando a equipe. Até agora, seis jogadores foram contratados. O último deles é o atacante Éder, que fechou um contrato válido por dois anos (salário inicial de R$ 600 mil por mês, com aumento de R$ 100 mil na segunda temporada) - luvas de R$ 1 milhão.

A diretoria são-paulina prometeu diminuir a folha salarial e diz que isso vai acontecer com o decorrer da temporada. O lateral-direito Juanfran, por exemplo, já foi dispensado, o que representa uma economia de quase R$ 1 milhão por mês. O atacante Tréllez foi emprestado e outros nomes estão na lista de "negociáveis", mas faltam interessados.