Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
NFL vira exemplo para times que pedem mais dinheiro de TV no Brasileirão
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A última negociação dos direitos de transmissão do futebol americano nos Estados Unidos tem servido de exemplo para os times que discutem como ganhar mais dinheiro com as cotas de TV do Brasileirão, especialmente os que são a favor da Lei do Mandante, principal dor de cabeça da Globo nas negociações daqui para frente. Esse modelo tem sido constantemente usado para mostrar como a organização do Nacional poderia ser diferente.
A NFL divulgou no meio do mês passado que seus novos acordos ultrapassam US$ 110 bilhões por 11 anos de contrato, praticamente dobrando a receita anterior. Esse total significa cerca mais de US$ 10 bilhões por cada temporada para dividir entre as equipes da liga, o que na cotação de hoje daria quase R$ 60 bilhões por ano, derrubando a tese que cada vez menos gente quer saber de esportes coletivos. E você sabe quanto a Globo distribui por cada temporada na Série A? Pouco mais de R$ 1 bilhão para os 20 times entre TV aberta e fechada. Ou seja, 60 vezes menos.
E isso porque, nos Estados Unidos, a NFL ainda tem muito mais concorrência do que no Brasil. Para citar apenas dois exemplos, o país tem uma base sólida de fãs da NBA, liga de basquete, e da MLB, liga de beisebol, enquanto nenhum outro esporte chega aos pés do futebol no Brasil. Mas então o que faz a diferença ser tão grande?
Além de ser um produto mais consolidado do ponto de vista de mercado, a grande diferença é como os direitos são comercializados por lá: de forma coletiva e fatiada. A NFL representa todas as equipes na hora de negociar seus direitos com NBC, ABC/ESPN, Fox, CBS e Amazon e ainda não concede exclusividade a ninguém.
Os interessados em adquirir os direitos conversam com alguém que representa todos os times, sem dar privilégios aos mais ou menos populares. Além disso, o termo "fatiado" é usado por especialistas para explicar que cada dia de partida é uma propriedade diferente a ser vendida. Ou seja, uma emissora fica com o jogo de domingo à tarde, outro com o de domingo à noite, um terceiro com a segunda-feira e por aí vai.
É por isso que o "Monday Night Football", por exemplo, é uma expressão tão famosa que é usada até mesmo por aqui no Brasil para representar os jogos de segunda-feira à noite. Só por esse direito, o grupo Disney desembolsou US$ 2,55 bilhões por cada ano de acordo.
É algo bem parecido com o que passou a fazer a Conmebol na hora de vender os direitos da Libertadores. Não há exclusividade para nenhum canal e cada dia da semana é vendido como uma propriedade diferente. Com esse modelo, eles arrecadam mais porque conseguem pulverizar os direitos e espalhar melhor a sua marca. Além disso, aumentam a concorrência porque os preços por cada propriedade diminuem se comparado com a obrigação de comprar as 38 rodadas.
A questão é que no Brasil a falta de força coletiva inviabiliza esse tipo de negociação. Os clubes ameaçaram se unir pela Lei do Mandante justamente com o intuito de definirem sem a interferência de um terceiro o que fariam com os seus jogos. Logo na primeira semana o grupo já sofreu baixas de times que preferiram não apoiar a mudança na legislação.
Neste contexto, é bastante importante lembrar a ação da Globo nos bastidores para enfraquecer esse grupo. Para a emissora, a Lei do Mandante ainda não é tão interessante, especialmente porque, em tese, dá ao time o direito de transmitir o jogo realizado em sua casa da forma que bem entender, prejudicando diretamente o direito de exclusividade pré-adquirido pela emissora com longas durações.
Não é à toa que há os que apontam a Globo como grande apoiadora para a implosão do Clube dos 13 ao lado de times como o Corinthians, que passou a ganhar mais na negociação individual. A TV sabe das dificuldades que vários times enfrentam, com dívidas que chegam na casa do bilhão, e conseguem melhores condições para negociar com contratos longos, adiantando verbas futuras que melhoram o fluxo de caixa das equipes mais endividadas.
Essa fraqueza econômica é potencializada pela falta de união entre os times na hora de negociar várias propriedades. No caso do licenciamento para uso da marca em jogos, por exemplo, apenas o Palmeiras pulou fora do barco na hora de fechar contratos com Konami ou EA (produtoras do Pro Evolution Soccer e Fifa, respectivamente) mesmo com especialistas do mercado apontando que as condições do negócio estavam longe do ideal.
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