Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Perseguida por bolsonaristas, seleção clamou por "mito" em campo em 2019
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O ataque do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, a Tite hoje (7) em entrevista em Brasília reforçou a ofensiva que vinha sido feita por bolsonaristas ao técnico e aos seus comandados durante o fim de semana. Hoje considerados inimigos do Governo, os selecionáveis prepararam tratamento especial para Jair Bolsonaro em 2019, na realização da última Copa América no Brasil.
Antes de Mourão, o senador Flávio Bolsonaro também já havia atacado o comandante. Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados do Twitter chegou a ser #foraTite, com imensa maioria das mensagens chamando o técnico de comunista e inimigo da pátria. Em vários desses posts, a mensagem era acompanhada com críticas como "se não querem jogar, que convoquem outros atletas que não tenham mimimi".
Hoje completamente fechados com o treinador, os atletas agora ficam no meio de um racha após terem deixado mais do que claro o apoio ao Governo em 2019.
Naquela ocasião, o presidente teve passe livre para frequentar até mesmo o vestiário do Mané Garrincha em um amistoso preparatório contra o Qatar e só não concluiu o plano porque Neymar se machucou. Com a lesão da estrela que acabou deslocada para um hospital ainda com a bola rolando, a decisão de Bolsonaro foi de deixar os outros atletas no seu aguardo e rumar direto ao encontro da principal estrela da companhia.
Lá, posou para fotos com o camisa 10 e manifestou apoio para o jogador que na época sofria com acusações de estupro que acabaram não se confirmando. O atacante ainda acabou cortado da competição por lesão. Meses antes disso, a autoridade máxima do país também já tinha recebido Neymar pai em Brasilia para tratar de questões tributárias das empresas que gerem a carreira do jogador do Paris Saint-Germain.
Na Copa América, Bolsonaro teve tratamento especial desde o início. Já na partida de abertura, no Morumbi, o presidente assistiu ao jogo ao lado do agora mandatário afastado da CBF, Rogério Caboclo, e do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.
Ele ainda subiu ao gramado do jogo entre Brasil e Argentina no Mineirão e dividiu o estádio entre aplausos e vaias. Antes de a bola rolar, encontrou novamente Neymar em um camarote, posou para fotos, fez discurso de apoio e assistiram à vitória brasileira em lugares diferentes.
Já na final disputada no Maracanã, Bolsonaro teve novamente o privilégio de subir ao gramado para fazer parte da festa. Na ocasião, o presidente foi chamado de "mito" por quase todos os presentes e convidado para tirar fotos com a taça. Raríssimas foram as exceções na delegação que se incomodaram com a ocasião.
Praticamente toda a comissão que apoiou Bolsonaro em 2019 permanece no trabalho hoje em dia, incluindo médicos, analistas de desempenho, fisioterapeutas e até seguranças. Do grupo de jogadores, Alisson, Richarlison, Everton Cebolinha, Gabriel Jesus, Lucas Paquetá, Roberto Firmino, Marquinhos e Éder Militão são exemplos de remanescentes daquela ocasião até hoje.
Na coletiva de imprensa do título, Tite evitou posicionamento mais forte e foi na linha de que futebol e política não se misturam. A organização da Copa América tentou, em vão, censurar perguntas sobre o tema.
Naquela época, o técnico recém-concedido uma entrevista ao Sportv para afirmar que se arrependia de ter levado a taça da Libertadores a Lula em 2012, mesmo com o político já não sendo mais o presidente do país.
"Em 2012 eu errei. Ele não era presidente, mas fui ao Instituto e mandei felicitações por um aniversário. Não me posicionei politicamente. Não tenho partido político, tenho torcida para que o Brasil seja melhor em igualdade social. E que nossas prioridades sejam educação e punição", afirmou. "Errei lá atrás, não faria com o presidente antes da Copa e nem agora porque entendo que misturar esporte e política não é legal. Fiz errado lá atras? Sim. Faria de novo? Não", completou.
No incômodo do grupo, uma das preocupações era não parecer que a decisão de jogar ou não a Copa América fosse por questões políticas. O foco principal dos Jogadores era manifestar a sua repulsa por não terem sido consultados pela mudança de sede da competição.
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