Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Danilo dá exemplo a companheiros de como reaproximar seleção do povo
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O texto de Danilo postado hoje (12) no Instagram deveria ser impresso e distribuído na casa de cada um dos convocados por Tite para a disputa da última Copa América e dos que serão chamados para os jogos daqui para frente. O lateral direito parece ter entendido direitinho como o momento vivido pelo país afeta na relação do seu povo com a sua seleção.
Se mais gente que representasse o país se posicionasse como o lateral direito, é bem provável que o time voltasse a despertar mais empatia por parte da torcida. E aqui não falamos de ser de esquerda, de direita ou de centro. Falamos de ter empatia com o próximo, de entender que a condição privilegiada de ser jogador de futebol não pode se refletir apenas fotos com carrões, férias no iate e viagens paradisíacas.
"E por fim eu, como atleta profissional, representante dessa classe, entendo que é necessário cada vez mais demonstrarmos aquilo que somos, 'gente da gente' , encurtar as distâncias e assumir as responsabilidades, não só profissionais, mas também sociais de nossa profissão", explicou.
E é exatamente isso. Do que adianta cobrar que todos brasileiros torçam para a seleção se na hora de ser questionado sobre a crise a resposta é "vamos estar preparados para buscar os três pontos" ou "isso não cabe a nós"? Por que tantos jogadores da seleção brasileira dizem que têm atletas da NBA como ídolos e são tão diferentes na hora de se posicionarem sobre temas sociais, enquanto os americanos são sempre os primeiros a saírem em defesa do seu povo justamente por saberem o barulho que podem fazer?
Por que Lewis Hamilton tem tão bom relacionamento com Neymar e alguns outros atletas e não é usado de exemplo na hora de usar o poder dos microfones e de suas redes para questionar temas como racismo, homofobia e tantas outras mazelas da sociedade?
"Estando tão expostos, nos resta sermos menos reativos, mais compreensivos e aliados de quem tanto nos prestigia, O POVO. É necessário termos clareza nos discursos dentro e fora de campo, assim fazendo dessa relação tríade ( torcedor, imprensar e atleta ) mais saudável e benéfica", completou o jogador.
O sentimento pela seleção é de mão dupla. Como cada vez mais, por compromissos profissionais, os atletas saem cedo do país e só voltam para encerrar a carreira, fica difícil que o público tenha identificação. Como a seleção joga todos os amistosos em qualquer lugar do mundo menos em casa, fica difícil que o jovem goste de torcer pela seleção e não só pelo seu clube, que é sempre prejudicado pelo calendário esdrúxulo da CBF.
Não adianta falar que a atenção na porta do hotel, ingressos distribuídos ou alguns atos como esse são o suficiente para aproximar a seleção do povo. É claro que não é. Será que é normal o Brasil jogar no Maracanã, em uma final, contra a Argentina, e ter gente torcendo pelo arquirrival?
Assim como disse Danilo, a imprensa também pode fazer uma autorreflexão, mas isso não significa "se unir ao time para ajudar o povo" como pediu Marquinhos, mas sim fazer análises mais profissionais sobre motivo de perder e ganhar.
No final, os grandes responsáveis por gerar empatia para depois cobrarem apoio na hora difícil são os atletas. E não adianta achar que "tirar foto", "dar autógrafo no hotel" ou "dar ingressos para os mais próximos" são atos que bastam. Não bastam. Por mais reflexões como a de Danilo. Por mais jogadores preocupados com o seu povo como Richarlison.
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