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Danilo Lavieri

REPORTAGEM

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Leila Pereira faz promessas no Palmeiras que nunca foram viáveis no Brasil

Leila Pereira assumiu a presidência do Palmeiras nesta semana - Fabio Menotti
Leila Pereira assumiu a presidência do Palmeiras nesta semana Imagem: Fabio Menotti

Colunista do UOL

17/12/2021 04h00

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Em sua primeira coletiva de imprensa ontem (16) como presidente do Palmeiras, Leila Pereira reforçou que quer trazer o torcedor mais próximo do clube e voltou a fazer promessas sobre diminuir o preço do ingresso e o valor da camisa oficial. A questão é que na história recente do futebol brasileiro, com as novas arenas e os tipos de contrato assinados entre clubes e fornecedoras, isso nunca funcionou.

Isso não significa que são planos impossíveis de serem colocados em prática, mas o contexto do esporte no país deixa bem claro o motivo de normalmente esse discurso não passar do microfone.

Há diferentes obstáculos que ela precisará superar caso queira ser a primeira a tirar isso do discurso e colocar na prática. A começar pelo valor da bilheteria. Em um jogo para 35 mil pessoas, o Allianz Parque tem um custo aproximado de R$ 600 mil. Ou seja, ela precisará arrecadar o suficiente para que as partidas em sua casa não virem sinônimo de prejuízo.

Além disso, a grana de bilheteria se transformou em uma das principais receitas dos clubes que têm os times mais caros do país, com as maiores folhas salariais. Para se ter uma ideia, em 2018, o Alviverde conseguiu quase R$ 80 milhões com a venda de ingressos, o que significa quase o mesmo valor que FAM e Crefisa pagam para estampar a marca a cada ano, sem considerar os extras que são pagos por performance.

Na previsão para 2022, o Conselho Deliberativo do Palmeiras aprovou um orçamento que conta com R$ 64 milhões em bilheteria. Isso significa que para cumprir sua primeira promessa ela precisaria diminuir o ticket médio e aumentar consideravelmente a taxa de ocupação do Allianz. Em um ano com 35 partidas como mandante, a arrecadação média teria de ser de mais de R$ 1,8 milhão por jogo, sem considerar os R$ 600 mil de custo.

Além disso, ainda há outro entrave a ser superado por ela. Leila declarou que gostaria de ver o número de sócios-torcedores aumentar. O grande atrativo desses pacotes no futebol brasileiro é garantir o ingresso sem a necessidade de filas. Há outros benefícios, mas que ainda funcionam pouco no país. Ou seja, ela não pode diminuir o valor do ingresso a ponto de fazer o torcedor não querer pagar a mensalidade do Avanti por falta de apelo financeiro.

Na questão do uniforme, a presidente do Palmeiras precisaria mexer em uma cadeia inteira de produção que não depende em nada dela. Para que uma camisa seja produzida pela Puma atualmente, o custo inicial é de aproximadamente R$ 60. Em cima desse valor, ainda há o acréscimo dos royalties do clube, que são de cerca de 30% do valor final.

Depois, ainda há a necessidade de a fornecedora ser remunerada pelo seu trabalho, o que já faz o valor mínimo do uniforme chegar perto dos R$ 120. Por fim, a parte mais difícil de negociar seria conversar com os revendedores. As lojas de varejo nunca topam reduzir a sua margem de lucro, que vai até 60% em cima do valor pago.

Isso significa que, ainda que ela conseguisse reduzir o valor final do produto, é inviável no atual modelo vender a preço "popular". O Corinthians, por exemplo, fez um uniforme com qualidade abaixo do material que é usado em jogo e colocou nas lojas por R$ 180, o que também não pode ser considerado um preço acessível para a realidade da população brasileira.

A alternativa atualmente é a venda de modelos casuais por valores que começam em R$ 40, mas não são os mesmos modelos usados pelos atletas. Outra possibilidade seria assumir a produção dos materiais, manobra já feita por outros clubes como o Bahia, que diminui bastante a margem de lucro, mas torna o material mais acessível. A questão é que Palmeiras e Puma renovaram recentemente até 2024 com multa rescisória.

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