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Danilo Lavieri

REPORTAGEM

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Após organizada, Leila lida com perda de apoio no Conselho do Palmeiras

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, ao lado de Gianni Infantino, presidente da Fifa, na final do Mundial entre Palmeiras e Chelsea - Matthew Childs/Reuters
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, ao lado de Gianni Infantino, presidente da Fifa, na final do Mundial entre Palmeiras e Chelsea Imagem: Matthew Childs/Reuters

Colunista do UOL

09/03/2022 11h38Atualizada em 09/03/2022 12h59

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Leila Pereira começa a perder o status de quase unanimidade no Palmeiras. Depois de receber de maneira consecutiva as maiores votações da história, ela já enfrenta uma resistência crescente entre torcedores, associados e conselheiros. Com esses dois últimos grupos, o desgaste vem se acelerando e incomodando cada vez mais a presidente, especialmente após o rompimento com a organizada.

São diferentes motivos que irritam algumas alas que começam a descer do barco da dona da Crefisa, conforme apurou o blog. Há os insatisfeitos com a atuação dela no mercado da bola, sempre questionando a falta de um camisa 9 e comparando a atuação da atual diretoria com a antiga, que saiu sob críticas por não dar um atacante a Abel Ferreira. Em sua defesa, Leila tenta explicar que não gastará mais do que o planejado e já citou até o caso de Miguel Borja, maior contratação da história do Palestra Itália e que não vingou.

Há os que criticam o desenvolvimento do novo plano de marketing e comunicação do Palmeiras. Houve uma leva de demissões assim que ela assumiu e a reposição ainda não foi feita em sua totalidade. Pela primeira vez em muitos anos, o clube não tem um profissional à frente do departamento, o que leva a comparações com os tempos de Mustafá Contursi, quando o marketing era encarado apenas como gasto e não como possível fonte de receita.

A mudança no departamento também tem causado ruído com parceiros, uma vez que a dinâmica de trabalho também foi afetada depois de muitos anos com a mesma equipe. A turbulência ainda não afetou o futebol, com Abel Ferreira sendo eficiente em evitar que o clima político entre no vestiário, como já aconteceu nas últimas décadas.

Leila também foi muito criticada por manter Olivério Júnior no comando da comunicação do clube. Os dois trabalharam juntos durante toda a ascensão dela no Palmeiras, mas se separaram após pressão da torcida e do Conselho. Esse foi o primeiro grande ruído na gestão da empresária, que mostrou incômodo publicamente por conta da mudança. Em entrevistas, ela disse que não gostaria de fazer o desligamento, mas que essa foi uma opção do jornalista e reforçou: quem manda sou eu.

Por esse motivo, inclusive, ela rompeu relações com a torcida organizada e prometeu cortar até o uso da Lei Rouanet para a escola de samba. Em entrevista ao podcast 011, Paulo Serdan, homem forte da Mancha Verde, disse que a presença de Olivério Júnior era um grande problema, além de outros questionamentos à gestão, como a manutenção de Anderson Barros à frente do futebol.

Ele ainda disse que os organizados optaram por devolver o dinheiro dado por Leila para que alguns torcedores fossem para os Emirados Árabes Unidos assistir ao Mundial da arquibancada. Apesar da decisão, Serdan disse que não há relação entre patrocínio e apoio incondicional.

Vale lembrar que há membros que pertencem ou têm ligação com a Mancha Alviverde no Conselho do Palmeiras e com poder de voto. Um deles, inclusive, é Tarso Gouveia, vice-presidente de Leila Pereira.

Na sua trajetória recente no Palmeiras, Leila se acostumou a ser tratada praticamente como unanimidade entre associados e conselheiros, que sempre frequentaram seus eventos, aceitavam os convites para ir ao camarote e até para viagens no avião particular. Na época da eleição, a oposição foi tão fraca que não houve nem chapa da concorrência. Agora, a empresária enfrenta críticas, já viu o pedido por sua saída entre os temas mais comentados nas redes sociais e, inclusive, limitou o acesso de torcedores a elas.

Com a situação mudando, a oposição volta a tentar se articular, mas sabe que o processo agora é de cobrar especialmente que passos de profissionalização que foram dados recentemente não sejam perdidos, uma vez que a próxima eleição ainda está distante de acontecer.

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