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Pandemia enfraquece clubes, e empresas dos EUA aceleram compras
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Como já mostraram diversos estudos, a pandemia deixou a diferença entre os mais ricos e os mais pobres ainda maior. A crise econômica ainda piorou a vida daqueles que não estavam tão preparados. No futebol, a história se repetiu e até mesmo na Europa times passaram a sofrer com a falta de dinheiro.
Quem pôde se aproveitar disso foram as empresas dos Estados Unidos. Só no Velho Continente, 54 times foram comprados por ele. Desses, metade foram adquiridos só nos últimos dois anos segundo dado coletado pelo Centro Internacional de Estudos do Esporte, o CIES.
Tanto interesse, claro, não é pura diversão. Algumas das principais instituições do futebol mundial se tornaram verdadeiras oportunidades de negócio. O caso mais recente é o do Milan, responsável por uma conta a ser paga digna do tamanho da sua história, que foi comprado por 1.2 bilhão de euros pelo grupo de private equity RedBird Capital Partners.
Donos da principal economia do mundo, além de ser a que menos sofreu e a que se recuperou mais rápido dos efeitos da pandemia do Covid-19, os norte-americanos passaram a enxergar, bem à sua frente, marcas fortes, de público fiel, e que "só" precisavam de gestão e investimento.
No continente europeu, é na Itália onde se encontra o maior número de clubes "americanizados". Somente na última edição da principal divisão do país, a Série A, Atalanta, Fiorentina, Genoa, AS Roma, Spezia, Parma e Venezia FC eram comandados por proprietários ou investidores dos EUA. Em outro importante centro, a Inglaterra, instituições como Liverpool, Manchester United e Arsenal seguem o mesmo caminho. Standard Liége (Bélgica) e Sevilla (Espanha) são outros exemplos de camisas tradicionais do futebol com acionistas do país.
"A compra de um clube como o Milan é mais um negócio que consolida a recente e rápida supremacia americana na aquisição de clubes de futebol mundo afora. O apetite do investidor americano pelo futebol europeu é forte, o que fica muito visível na Inglaterra e Itália, mas também em outras ligas secundárias, com operações que não geram tanta visibilidade. É interessante olhar no retrovisor e perceber as ondas de investidores que fluíram para a Europa no tempo. Inicialmente os russos eram os grandes compradores. Depois vieram árabes e chineses, nesta ordem. Agora chegou a vez dos Estados Unidos, e pelo que se verifica até agora, com muito mais força do que as ondas anteriores.", explicou Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo.
No futebol brasileiro, os Estados Unidos também já começam a fincar raízes. O primeiro a se aventurar foi John Textor, que no início desse ano concretizou a compra de 90% da SAF do Botafogo, anunciando um investimento inicial de mais de R$ 100 milhões. O Vasco, por sua vez, possui conversas avançadas com a 777 Partners, empresa que já possui investimento em outros clubes ao redor do mundo.
"O Brasil está no radar também. Textor e a 777 já aterrizaram em solo nacional, mas logo chegarão outros, pois sabemos que vários investidores americanos estão olhando para o país. Não com a mesma força com que olham para a Europa, mas é muito positivo que o Brasil tenha entrado no radar.", pontuou.
Analisando que tipo de benefícios o Brasil poderá ganhar com a chegada de investimentos norte-americanos, Luiz Henrique Martins Ribeiro, advogado especialista em negócios no esporte, prevê ganhos que vão além do ato de reforçar as equipes.
"Acho que a entrada dos grupos e dos investidores norte-americanos pode, e muito, ajudar no futebol brasileiro, especialmente com essa transformação dos clubes em SAF. Nos EUA já temos uma evolução muito grande em alguns aspectos que aqui no Brasil ainda estão em um estágio mais inicial, como as ações de "matchday", áreas de marketing e de patrocínios esportivos. Então, a chegada desses conceitos, bem como a troca com novas pessoas, podem ajudar nosso mercado a crescer ainda mais, além de gerar receitas alternativas para os clubes", disse.
Outro clube que recentemente fez negócio com investidores oriundos dos Estados Unidos foi o Real Madrid. A questão, no entanto, não foi para o pagamento de dívidas ou a melhora do desempenho do futebol do clube (atual campeão da Liga dos Campeões). No caso em questão, o que chamou a atenção dos empresários da Sixth Street foi o direito de explorar os eventos que serão realizados no estádio Santiago Bernabéu pelos próximos 20 anos. O valor aportado foi de 360 milhões de euros.
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