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Ataque do Fla ao Palmeiras por ofício resume egoísmo do futebol brasileiro
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"Tem que ter vergonha na cara". Foi assim que Marcos Braz, dirigente do alto escalão do Flamengo, resumiu a atitude do Palmeiras de ir à CBF reclamar do erro de protocolo do VAR. A atitude é egoísta, clubista e demonstra um dos motivos para o futebol brasileiro continuar sempre travado nos mesmos problemas que já dominavam o noticiário quando eu ainda era uma criança.
Há várias reclamações e ofícios desnecessários no futebol brasileiro. E atire a primeira pedra aquele time que nunca fez uma dessa apenas para dar resposta para seu torcedor. A questão é que desta vez não cabe interpretação. A questão não é se foi ou não pênalti de Vidal em Gómez. A questão é que o protocolo não foi respeitado, o juiz não esperou o VAR analisar o lance antes de o jogo seguir. Isso é grave.
Assim como foi grave não ter traçado a linha de impedimento no provável impedimento de Calleri que resultou no pênalti que deu ao São Paulo a possibilidade de eliminar o Palmeiras na Copa do Brasil. Assim como foi grave no erro da linha de impedimento entre Ituano e Cruzeiro na Série B.
Erros desse tipo deveriam mobilizar todo o futebol brasileiro e não apenas o prejudicado. A péssima arbitragem brasileira e o horrível VAR jogam contra a imagem do produto como um todo. Prejudica torcedor que paga caro para ir ao estádio, clube que investe alto para ter um time competitivo e até mesmo quem paga ainda mais caro para poder transmitir. Afinal, a quem interessa ter um jogo totalmente afetado por erros grosseiros?
Que fique claro que o Palmeiras não é o santinho da história. Em outros momentos, o Alviverde também não se mobilizou para ajudar rivais que foram prejudicados pelo apito. Assim como já aconteceu com Corinthians, São Paulo, Inter, Atlético-MG, Fluminense... Não se trata de dizer que a equipe de Palestra Itália é a defensora do esporte nacional. Mas a espantosa declaração de Marcos Braz traz à tona algo que está nas entranhas do futebol brasileiro: o que importa é o meu time.
E em várias vezes recentemente o Flamengo comandado por essa diretoria apareceu nesse papel. No auge da pandemia, clubes fizeram um pacto para que o Brasileirão voltasse, elaboraram um protocolo de quando o jogo poderia ou não ser cancelado. Era claro que não era o caso daquele jogo contra o Palmeiras em 2020, quando um surto atingiu a equipe.
Nesse caso, não é questão de humanidade, não era questão de alguém sair beneficiado. Mas era o combinado para que a bola pudesse rolar, os times continuassem a ter um mínimo faturamento para evitar que a tragédia econômica fosse ainda maior. Era o ideal? Não. O ideal era o futebol não voltar até a pandemia cessar. Mas já que foi esse o combinado, por que não respeitá-lo?
Também em 2020, o Flamengo passou por cima da união de todos os clubes que lutavam pela Lei do Mandante para tentar mudar um sorteio feito pelo Estadual para tentar transmitir a final do Carioca. A revolta foi geral e é uma marca lembrada até hoje em reuniões dos times pela Liga. Aliás, o Brasil não tem uma união total de clubes até hoje por quê? Porque aqui no Brasil o que importa primeiro é o que vai beneficiar o meu clube.
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