O luxo e os símbolos da possível festa do Palmeiras adiada para quarta

Escolher a data para ser campeão é um luxo que poucos times podem ter. Boa parte dos palmeirenses comemorou o fato de o título do Brasileirão não ser decretado ontem (26) e a possível festa adiada para quarta-feira (2) está carregada de simbolismos. Que fique claro que ser campeão do sofá não é triste. Triste é não ser campeão. Mas levantar a taça diante de seus torcedores é muito mais legal.

Para confirmar o seu 11º título da história do Brasileiro, o Palmeiras precisa vencer o Fortaleza ou ver o Internacional não triunfar contra o América-MG fora de casa. Ambos os jogos estão marcados para 16h de quarta-feira. Esse seria o oitavo título conquistado em pleno Allianz Parque, inaugurado em 2014. O estádio é um dos grandes símbolos da reconstrução dessa equipe.

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O reformado Palestra Itália passou a ser referência no país entre as novas arenas, não só pela sua modernidade, mas também pela forma que o contrato foi amarrado. O clube tem alto lucro com a venda de ingressos e não precisa se preocupar com pagamento de aluguel, como no caso do Flamengo, que também fatura alto com bilheteria, ou de parcelas milionárias que prejudicam o planejamento financeiro, como no exemplo do Corinthians.

A contrapartida é perder a sua casa em alguns momentos ou ainda ter a sua capacidade reduzida, fato que vai acontecer também contra o Fortaleza e já foi visto na final do Paulista contra o São Paulo, o sétimo título da história da arena. Até nisso o jogo é simbólico. Não é perfeito, claro que a torcida queria ter todas as cadeiras à disposição, mas, dentro do cenário que temos por aqui, esse é o melhor jeito de ter um estádio próprio por muito na comparação com os rivais.

Há lacunas graves que precisam ser ajustadas na venda de ingressos, inclusive no preço e na relação com seu sócio-torcedor. O clube poderia agir muito melhor no combate ao cambismo, ir além de notas oficiais e instalar, por exemplo, biometria ou reconhecimento facial. Mas há de se reconhecer que esse é um problema que atinge a praticamente todos os torcedores do país há muitas décadas.

Outro símbolo que marcará essa conquista é a data. Dia 2 de novembro de 2020 foi o dia em que Abel Ferreira desembarcou no Brasil para começar o seu trabalho no Palmeiras. Dois anos depois, exatamente no mesmo dia, ele pode conquistar mais um título que o coloca ainda mais como o mais importante técnico da história palmeirense. Além desse Brasileiro praticamente garantido, ele já conquistou o Paulista, a Copa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e duas Libertadores. Sua longevidade no comando é um dos méritos do Palmeiras, fato ainda muito raro de ser visto no Brasil.

Por fim, o time conseguiu na última rodada registrar Endrick como o autor de um gol mais jovem na história dos pontos corridos do Brasileirão e o mais novo na sua própria história. Recorde batido 106 anos depois do anterior. Com sua ascensão nas últimas partidas, a sua estreia como titular fica cada vez mais perto. Se acontecer diante do Fortaleza, seria mais uma marca desse Palmeiras que não cansa de impressionar.

Depois de anos vendo a sua categoria de base praticamente não revelar nada, o clube agora comemora o surgimento daquele que nasce como a maior Cria da Academia da história, com uma longa fila de jovens que ainda podem mostrar talento em um futuro próximo. Fruto de um investimento iniciado em 2013 com Paulo Nobre e mantido até hoje.

O Palmeiras vai terminar o ano com três títulos conquistados, com um estádio extremamente rentável e moderno, com as finanças em dia e com uma categoria de base que revela cada vez mais e melhor. Ainda há o que melhorar na captação de novos investimentos, no relacionamento com o torcedor, no marketing e na exploração de sua marca e em problemas de conflitos internos da gestão atual. Mas ainda assim, entre méritos e problemas, o time se candidata a entrar em 2023 novamente como favorito em todo campeonato que entrar.

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