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Danilo Lavieri

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Endrick tem desafio de equilibrar pressão de R$ 340 mi e ter só 16 anos

Colunista do UOL

14/03/2023 04h00Atualizada em 14/03/2023 12h43

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Fora de um jogo em que o Palmeiras escala força máxima pela primeira vez em 2023, Endrick é protagonista de um dilema que só atinge os que são acima da média. Afinal, não é qualquer criança que já seja tão monitorada por todo o mundo do futebol.

Uma das maiores revelações do futebol brasileiro no ano passado, o garoto precisa equilibrar a cobrança de valer 60 milhões de euros, o que significa quase R$ 340 milhões, com a oscilação natural de um jovem de 16 anos.

Para ver o garoto passar da melhor forma por essa fase, Abel Ferreira e a diretoria abraçaram o atacante. Há conversas quase que diárias com o atleta e a impressão é de que ele tem cobrado a si mesmo demais, o que o deixa um pouco ansioso.

É também o que aponta o psicólogo Eduardo Cillo, que coordena o departamento de psicologia do COB (Comitê Olímpico do Brasil). "Sem estar no dia a dia com ele, o que limita muito minha análise, mas entendo que é um garoto muito jovem, que apareceu com muita força e muita expectativa, já com uma aposta grande no futuro dele, inclusive de gigantes internacionais, é que ele pode estar realmente sentindo pressão. Ele foi colocado na posição de titular dentro de um time que vem jogando junto, jogando bem e obtendo conquistas há um bom tempo, e ele está tentando remar para acompanhar esse ritmo", analisou.

"O jogador não fazer gol durante um período é normal independentemente do nível de experiência, da expectativa que se tem sobre ele, faz parte. Nessa hora é preciso blindar, ele não pode deixar cair na pilha e nem se deixar levar por algum tipo de ansiedade, de querer resolver logo ou fazer de uma vez. Se ele seguir contribuindo com o time no coletivo, uma hora ou outra essa bola vai entrar e aí a situação estará resolvida", completou Cillo.

No Alviverde, a aposta é que ele será forte o suficiente no aspecto mental para suportar essa pressão. Essa foi sempre uma das características que mais impressionava o comando da base do Palmeiras, desde a sua chegada no clube em 2017. O diagnóstico é que a reação vai ser turbinada tão logo ele faça o seu primeiro gol nesta temporada. A seca já foi tema na imprensa brasileira e também na espanhola.

Contra o São Bernardo, justamente no mata-mata, ele não esteve entre as cinco substituições e viu a sua equipe avançar nas quartas de final do banco de reservas. Na ocasião, também por opção tática, Abel Ferreira escalou um time apenas com Rony à frente, para tentar alargar a linha defensiva da equipe do ABC.

Diante do Guarani, no jogo imediatamente anterior, ele ficou no banco para a entrada de Giovani, mas depois foi usado no segundo tempo. No final, Endrick é mais uma vítima da questão tão falada neste Palmeiras de Abel Ferreira: a dificuldade que os atacantes com características diferentes às do Rony têm ao assumir a posição de camisa 9.

O técnico entende que ele ainda vai amadurecer no aspecto tático, mas sempre ressalta que é importante ele entender que, ao mesmo tempo que tem 16 anos e naturalmente vai oscilar, também será cobrado por desempenhar entre os profissionais. Essa preocupação foi sempre citada pelo português quando era questionado sobre a promoção de Endrick da base para os profissionais e virou realidade agora.

"O Palmeiras tem um excelente departamento de psicologia do esporte, com um trabalho bem alinhado com o Abel e eles vão conseguir ajudar o Endrick a manter a cabeça no lugar, com foco na tarefa, e o gol vai sair naturalmente", finalizou Cillo.

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