Danilo Lavieri

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Palmeiras acerta ao limitar gastos, mas erra feio ao buscar novas receitas

O Palmeiras sustenta que não tem dinheiro para ir ao mercado e fazer todas as compras necessárias para reforçar o seu elenco. Por mais que possa parecer errado diante do contexto do futebol brasileiro, não gastar mais do que pode é o jeito certo de fazer as coisas. A questão é que só falar que não tem dinheiro não pode servir como explicação para não melhorar o time.

O alviverde poderia aproveitar a melhor fase de sua história dentro de campo para também colher frutos fora dele. Uma das possibilidades seria melhorar a sua arrecadação com patrocínios, com produtos licenciados e outros itens que são responsabilidade do departamento de marketing.

De 2021 para 2022, esse setor teve uma queda de quase 20% de acordo com dados colocados no balanço. Não poderia. Se conseguisse arrecadar mais, o time teria mais margem para contratar. Não dá para depender apenas do contrato de televisão a partir de 2025, no novo ciclo com a Libra. O Palmeiras justifica essa queda por causa da quebra do contrato com a Turner.

Entra nesta questão uma das grandes críticas que Leila Pereira sofre nos últimos anos. Por que o valor do patrocínio da Crefisa não sofre um reajuste? É certo o valor ser o mesmo temporada atrás de temporada? Qual vai ser o contrato para os próximos anos? Será que o Palmeiras não poderia lucrar mais se tirasse a exclusividade do seu uniforme, a exemplo do que fez o Flamengo? O rótulo de "a camisa mais cara das Américas" não serve mais para o Verdão.

Há outras formas de aumentar a receita, mas todas elas são mais imprevisíveis, como vender jovens da base, negociar atletas mais consagrados e também ganhar dinheiro com premiação. Não dá para contar com essa grana no bolso em um planejamento responsável. E as grandes vendas de atletas como Endrick e Danilo não são o suficiente para esbanjar em 2023, como já mostrou essa coluna.

Por isso que é mexendo nessa ponta que o Alviverde poderia ter mais dinheiro para gastar com elenco. Enquanto isso, faz o certo de não se endividar. Basta ver que em 2022 o time sobrou com apenas R$ 18 milhões. Ou seja, não há margem de erro. Não tem dinheiro sobrando para contratar, especialmente por causa da inflacionada folha salarial ao manter os principais jogadores no elenco, com contratos renovados.

Pior do que isso, quando teve dinheiro em mãos, errou com as contratações de Bruno Tabata, Atuesta e Flaco López, por exemplo. Quem tem pouco dinheiro precisa ser certeiro nas contratações.

Se continuar com o departamento de marketing ineficiente e com arrecadação abaixo do ideal, o certo é não gastar. Reforçar o time com empréstimos absurdos como faz o Atlético-MG ou devendo salários, FGTS e imagem como fazem outros times não podem ser considerado uma medida saudável, embora elas possam parecer acertos efêmeros no dia seguinte das vitórias.

Ainda assim, mesmo com todas essas lacunas, o Palmeiras tinha time o suficiente para passar do São Paulo, como já opinou o colunista ontem (14).

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Após a publicação da reportagem, o Palmeiras enviou nota para explucar as quedas. Veja abaixo:

Em relação aos resultados do marketing, o Palmeiras esclarece que registrou, em 2022, crescimento expressivo em segmentos como sócio-torcedor (165% na comparação com 2021) e licenciamento (57%), e ainda fechou 37 contratos de patrocínio, entre acordos longos e pontuais, gerando mais de R$ 70 milhões em novas receitas.

Houve redução nos valores recebidos com direitos de transmissão em função da rescisão unilateral do contrato com a Turner.

Sobre a parceria com o Grupo Crefisa, cabe ressaltar que o atual acordo, válido até o fim de 2024, foi renovado durante o mandato do presidente Maurício Galiotte e envolve valores substanciais, que vêm contribuindo de forma significativa com o momento vitorioso do Verdão dentro de campo. No ano passado, a Crefisa abriu mão da exclusividade no uniforme da equipe feminina para que a modalidade pudesse receber ainda mais investimentos.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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